Jerônimo cobra explicações de ACM Neto sobre denúncias e prisão de aliados alvos da PF
O governador deixou claro que continuará aguardando uma posição.
Durante visita a Feira de Santana nesta segunda-feira (16), o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), fez duras críticas ao ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), pelo que chamou de “silêncio” diante da prisão de correligionários envolvidos em supostos desvios de R$ 1,4 bilhão em contratos públicos. A operação da Polícia Federal, revelada pelo programa Fantástico, apontou irregularidades em emendas parlamentares destinadas ao Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra a Seca) e prefeituras.
“Eu só espero que o grupo que está fugindo possa apresentar o que aconteceu. São pessoas filiadas ao União Brasil. Isso me chateia muito, saber que dinheiro público, que deveria ser usado para levar água para quem precisa, está sendo desviado”, afirmou o governador. Ele também ironizou o “sumiço” de ACM Neto: “Os stories dele estão vazios, e até agora não falou nada sobre isso. Ex-prefeito, não fuja! Não foge não!”.
Entre os alvos da operação da PF estão Francisquinho Nascimento, vereador eleito de Campo Formoso e primo do deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil); o empresário Marcos Moura, conhecido como o “rei do lixo”; e Flávio Henrique de Lacerda Pimenta, ex-diretor da Secretaria Municipal de Educação de Salvador, que foi exonerado no dia em que foi preso.
Francisquinho é suspeito de receber propina para favorecer empresários em contratos com a Prefeitura de Campo Formoso, que atualmente é comandada por Elmo Nascimento (União Brasil), irmão de Elmar. Já Marcos Moura foi apontado como líder de um esquema criminoso envolvendo licitações fraudulentas e superfaturadas. Durante a operação, a PF encontrou R$ 700 mil em espécie na casa de Flávio Henrique, que é acusado de crimes como corrupção, fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro.
O governador ainda destacou a gravidade das acusações, reforçando que os recursos desviados eram destinados a obras essenciais, como projetos de abastecimento de água.
“Me chateia bastante saber que dinheiro público, que deveria ser sagrado, está evaporando. Não é uma questão pessoal contra ninguém, mas isso precisa ser explicado”, concluiu.
O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), também foi questionado sobre a prisão de Flávio Henrique, ex-membro de sua equipe. Em declaração à imprensa, afirmou: “Não tenho preocupação nenhuma. Quem cometer alguma irregularidade sofrerá as consequências. Não vamos passar a mão na cabeça de ninguém, mas estamos completamente tranquilos”.
O governador deixou claro que continuará aguardando uma posição. “Espero que ele tenha algo a dizer para não deixar isso cair no esquecimento”, finalizou.
*Com informações do repórter Danillo Freitas