Advogado critica atuação policial em morte de jovem durante blitz em 2022 após audiência adiada
Bruno Sobral, ao abordar o caso, mencionou a importância de tornar pública essa situação
Nesta segunda-feira (11), no programa De Olho na Cidade, Bruno Sobral, advogado especialista em Direito de Trânsito, pediu por justiça pelo caso do jovem Marcelo Felipe Guerra dos Santos, de 18 anos. Marcelo foi morto no dia 1º de abril de 2022, ao tentar escapar de uma blitz na Avenida Maria Quitéria, em Feira de Santana. A perseguição realizada resultou na morte do jovem na Avenida Presidente Dutra.
Após a audiência de instrução dos dois policiais envolvidos na morte do jovem ser adiada nesta segunda-feira, o vídeo do clamor pela justiça feito pela mãe de Marcelo, Daniela Guerra, foi amplamente divulgado nas redes sociais, gerando repercussão.
“Pai, tu sabe, o sangue que eu quero trazer a bala aqui. Ele tá vindo, Deus! Tu és do meu justo juiz, Senhor! Eu te clamo desta hora, Pai! Justiça por Marcelinho, Jesus! Justiça por Marcelinho, Senhor! Oh, Deus! Oh, Deus! Oh, Deus! Oh, Deus! Pai!” Diz a mãe do jovem no vídeo.
Bruno Sobral, ao abordar o caso, mencionou a importância de tornar pública essa situação.
“Muitas pessoas conversam comigo e reforçam a necessidade de vincularmos essa situação. Existe uma mãe que clama por justiça diante da execução sumária e covarde de seu filho, um jovem querido de apenas 18 anos”, declarou o advogado.
A narrativa do caso foi tema de intensas críticas à abordagem policial, com Bruno Sobral enfatizando o uso de força letal sem justificativa adequada.
“É uma situação dolorosa que não pode ser ignorada. A Polícia Militar da Bahia sabe como proceder corretamente; eles ensinam isso nos manuais de instrução. Mas o que vemos aqui é um desvio de conduta que precisa ser combatido”, criticou.
Durante o programa, Sobral também comentou a respeito de ações semelhantes e a falta de respostas das autoridades para casos como o de Marcelo. “Eu desafiaria qualquer representante da Polícia Militar a vir aqui e afirmar que a ação foi correta. Eles não o farão porque todos sabemos que foi um erro, e um erro grave.”
O especialista enfatizou que a Polícia Militar poderia utilizar práticas menos letais, como a que é frequentemente adotada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), que procura alvos mais seguros como pneus em casos de perseguição. “Há formas de garantir a segurança sem comprometer a vida de civis”, reforçou.
A Justiça acolheu, em janeiro de 2023, a denúncia do Ministério Público contra os dois policiais militares envolvidos no caso. Conforme a acusação, no dia 1º de abril de 2022, os agentes perseguiram o carro conduzido pelo jovem Marcelo Felipe. Durante a perseguição, ao se aproximarem com suas motos, dispararam várias vezes em direção ao veículo; três dos disparos atingiram o rapaz, sendo que um dos tiros atravessou seu corpo. Gravemente ferido e perdendo muito sangue, ele conseguiu encostar o carro no meio-fio, saiu com dificuldade e se deitou de bruços na Avenida Presidente Dutra, onde veio a falecer.