Especialistas debatem impacto das eleições dos EUA no cenário político brasileiro
Entre os convidados, estavam jornalistas e especialistas em economia e política que analisaram como a retomada do governo de Trump nos EUA poderia refletir nas próximas eleições presidenciais no Brasil.
Durante uma roda de conversa com comentaristas e convidados, o âncora Jorge Biancchi iniciou o debate sobre a influência das eleições norte-americanas na política brasileira, especialmente considerando uma possível vitória de Donald Trump e seu impacto sobre o Brasil. Entre os convidados, estavam jornalistas e especialistas em economia e política que analisaram como a retomada do governo de Trump nos EUA poderia refletir nas próximas eleições presidenciais no Brasil.
Dilson Barbosa, âncora do programa Bom Dia Feira, destacou que a ascensão da direita norte-americana pode abrir espaço para o crescimento de figuras da direita no Brasil.
“O Brasil historicamente reflete os movimentos dos EUA. Quando eles ‘resfriam’, acabamos pegando uma ‘gripe. A ascensão da direita norte-americana pode abrir espaço para o crescimento de figuras como Jair Bolsonaro, mesmo que inelegível, ou de aliados como Tarcísio de Freitas, que tem apoio do bolsonarismo, mas ainda busca definir seu posicionamento.”
O comentarista político Humberto Centrais também destacou o cenário político, apontando para o fortalecimento do centro nas recentes eleições municipais.
“O que vimos foi o centrão, representado por partidos como PP e PSD, ocupando cerca de 75% das prefeituras. Esse equilíbrio mostra que o eleitor está cansado das polarizações e que busca estabilidade. Isso abre espaço para candidatos que não estão nem à extrema esquerda nem à extrema direita, como Ronaldo Caiado e Tarcísio”, explicou.
Sobre a polarização, Ricardo Bomtrigo, empresário e convidado especial, comentou a natureza do voto brasileiro atual, que segundo ele, tem sido pautado mais pela antipatia aos adversários do que por ideologias.
“Hoje o que a gente vê é uma divisão sem base ideológica. O voto não é mais de esquerda ou direita, mas um voto de rejeição: é ‘sim’ ou ‘não’. Um fenômeno similar ocorreu com figuras como Trump nos EUA e Bolsonaro no Brasil, atraindo aqueles que são contra o sistema”, comentou.
Amarildo Gomes, economista, trouxe uma perspectiva econômica, enfatizando que a política protecionista de Trump pode gerar dificuldades para o Brasil.
“Se Trump endurece com a China, isso impacta o Brasil diretamente, pois a economia global se retrai e os nossos principais parceiros comerciais sofrem. Em consequência, o governo brasileiro precisará de uma forte habilidade diplomática para manter relações comerciais estáveis com os Estados Unidos, o que afetaria, sim, a popularidade do atual governo”, afirmou.
O impacto econômico e as alianças estratégicas foram questões levantadas também no debate sobre a situação interna do Brasil.
“Lula, mesmo com a máquina governamental, pode enfrentar resistência popular se a economia piorar, especialmente em um cenário de inflação e dólar alto”, pontuou Dilson Barbosa, acrescentando que o cenário pode favorecer candidatos que estejam em sintonia com o setor produtivo e o agronegócio, setores que, segundo ele, tendem a se alinhar com a direita.
O debate, que trouxe uma visão sobre as eleições brasileiras, ressaltou a expectativa de uma disputa acirrada entre os partidos de direita e esquerda em 2026.