Medicina na essência: Cardiologista defende a importância de uma abordagem integral para o paciente
Dr. Israel Reis destaca o papel da escuta ativa e do cuidado humanizado para alcançar melhores resultados na saúde
Na última edição do quadro Momento IDM Cardio transmitido pelas rádios Princesa FM e Sociedade News, o cardiologista Dr. Israel Reis abordou a medicina integrativa, um conceito que vem ganhando espaço e adeptos entre profissionais da saúde em todo o mundo.
“Medicina já é integrativa na essência,” defende Dr. Israel, que acredita que o termo é, muitas vezes, uma tentativa de rotular algo que deveria estar implícito na prática médica.
Ao ser questionado sobre o significado de medicina integrativa, Dr. Israel explicou que a abordagem busca uma união entre o conhecimento da medicina tradicional ocidental com práticas orientais, como meditação, ioga e cromoterapia.
“São práticas que ampliam o olhar sobre o ser humano, focando na relação entre corpo, mente e espírito, indo além do diagnóstico e tratamento da doença,” afirma. No entanto, ele ressalta que essa visão ampliada sempre foi parte do conceito médico: “Isso é medicina em sua essência. Nós, médicos, perdemos a essência ao supervalorizar apenas o que é científico e mensurável, deixando de lado aspectos subjetivos que também impactam a saúde.”
Dr. Israel argumentou que a abordagem convencional, com foco exclusivo em métodos diagnósticos e tratamentos como cirurgias e medicamentos, muitas vezes não aborda as causas profundas das enfermidades. Como exemplo, ele mencionou o câncer de pulmão, observando que a medicina tradicional costuma priorizar o diagnóstico e o tratamento, sem considerar como fatores emocionais ou espirituais poderiam ter contribuído para o desenvolvimento da doença.
“É raro vermos alguém pensar na energia vital ou em como a mente desse paciente influenciou o desenvolvimento de um câncer,” aponta.
Contudo, o cardiologista alerta que o conceito de medicina integrativa tem sido distorcido. Muitos profissionais se autodenominam integrativos, mas, segundo ele, acabam focando em exames extensivos e prescrições de suplementos e vitaminas.
“A verdadeira medicina integrativa busca unir práticas convencionais a outras áreas da vida. Não significa acumular exames desnecessários,” critica. Para ele, o essencial é ver o paciente de forma holística, compreendendo como fatores de vida pessoal, familiar e espiritual podem influenciar a saúde.
Em relação aos custos das consultas integrativas, Dr. Israel observa que, apesar da proposta inicial de reduzir custos com menos exames, a prática tem sido associada a consultas mais caras.
“A ideia das práticas integrativas era justamente baratear a medicina, mas o que temos visto é o oposto. Os custos são elevados, o que pode afastar muitos pacientes,” explica.
Para o médico, a essência da medicina está na prática humanizada e na escuta atenta do paciente. Ele lamenta a perda do médico generalista, que, em outras épocas, era o responsável por enxergar o paciente como um todo.
“Hoje, o clínico geral praticamente desapareceu, e os pacientes são encaminhados para várias especialidades, perdendo-se a visão integral do problema,” comenta. Dr. Israel exemplificou essa visão ao relatar um caso de um paciente que, em meio a uma situação de forte tensão familiar, desenvolveu problemas cardíacos. “Se eu não tiver tempo de ouvir que ele está brigado com nove irmãos, como vou tratar isso integralmente?”
Concluindo, Dr. Israel enfatizou a importância de recuperar a essência da medicina. “Medicina é, na essência, integrativa. Ela sempre foi sobre cuidar do ser humano como um todo, respeitando suas complexidades e integridade. Precisamos de menos modismos e mais comprometimento com o cuidado real,” finaliza.
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