A cidade de Feira de Santana foi palco do 3º Encontro Feira rumo aos 200 anos e entre os temas tratados no eventos estava como a cidade podem se preparar para o futuro diante das mudanças climáticas. Com a presença de especialistas e autoridades, o painel principal contou com a participação da professora doutora Hilda Talma, especialista em educação ambiental e professora da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB).

Durante o painel, Hilda trouxe à tona um dos maiores desafios ambientais da atualidade e como as cidades, incluindo Feira de Santana, precisam se adaptar para enfrentar esses problemas.

“As mudanças climáticas já chegaram. Quando falamos em nos preparar, parece que estamos esperando algo que ainda está por vir, mas a realidade é que já estamos vivendo essas transformações”, destacou a professora, iniciando a discussão sobre os impactos ambientais.

Recuperação e adaptação: os caminhos a seguir

Hilda explicou que há dois eixos principais que precisam ser trabalhados pelas cidades: mitigação e adaptação. “Mitigar significa recuperar o que já foi perdido. Adaptar é se preparar para as novas demandas e evitar que a situação piore ainda mais”, afirmou.

Entre as ações sugeridas, a professora ressaltou a importância da preservação das lagoas de Feira de Santana, que vêm sofrendo com o assoreamento e desmatamento da mata ciliar.

“Ouvi dizer que a cidade tinha mais de 120 lagoas, hoje restam apenas 60. Isso precisa ser revertido com urgência”, alertou.

Ela também mencionou a falta de uma unidade de conservação municipal como um ponto crítico. “Feira de Santana não tem uma unidade de conservação municipal, o que já seria um grande passo para proteger áreas verdes da cidade”, enfatizou.

Mudança no comportamento social e políticas públicas

Além de políticas públicas, Hilda destacou a necessidade de conscientização da população. “Não dá para pensar que é responsabilidade só do poder público. Cuidar do meio ambiente é dever de todos, e isso está na Constituição Federal”, lembrou.

A professora também sugeriu mudanças na mobilidade urbana, como a adoção de veículos elétricos para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Outra questão abordada foi a gestão inadequada de resíduos sólidos.

“Desde 2014, Feira de Santana tem um plano de gestão de resíduos sólidos que ainda não saiu do papel. A coleta seletiva precisa ser implantada e incentivada em toda a cidade”, disse, mencionando a urgência dessa ação.

Impacto das mudanças climáticas em Feira de Santana

Hilda Talma trouxe exemplos concretos de como as mudanças climáticas já afetam a cidade, mencionando as fortes chuvas que caíram recentemente.

“Em poucas horas, caíram cem milímetros de chuva em Feira de Santana. Isso é um sinal claro das mudanças climáticas. Se não fizermos algo logo, o futuro da cidade estará em risco”, alertou a professora.

Ao final, Hilda fez um apelo para que as autoridades municipais tomem providências mais efetivas e para que a população assuma sua parte na responsabilidade ambiental.

“Todos podemos e devemos fazer nossa parte. O poder público sozinho não consegue resolver todos os problemas ambientais. Precisamos educar nossas crianças desde cedo para que cresçam com uma consciência ambiental e, assim, preservem nosso futuro”, concluiu.