Mais votado da história e sem reeleição, vereador comenta disputa eleitoral
Jhonatas alcançou 10.980 votos, mas não conseguiu a reeleição devido às regras do sistema eleitoral proporcional vigente no Brasil, nem uma vaga como suplente.
O vereador Jhonatas Monteiro, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), foi o candidato mais votado em Feira de Santana pela segunda eleição consecutiva. Em 2020, ele foi eleito com 8.292 votos. Já em 2024, Jhonatas alcançou 10.980 votos, mas não conseguiu a reeleição devido às regras do sistema eleitoral proporcional vigente no Brasil, nem uma vaga como suplente.
Em entrevista ao De Olho na Cidade, Jhonatas explicou as nuances que impediram sua reeleição.
“Nosso sistema eleitoral tem regras importantes ligadas à proporcionalidade. Eu não sou contrário a elas. Aliás, é a posição que o PSOL tem, porque isso ajuda a garantir a diversidade de representação no poder legislativo. No entanto, essa proporcionalidade precisa ser equilibrada com regras que respeitem o voto do eleitorado para evitar discussões como as que vimos nesse processo eleitoral.”
O problema, segundo o vereador, não foi o fato de o partido não atingir o quociente eleitoral, pois o mesmo já havia ocorrido em 2020, quando o PSOL conseguiu uma cadeira. O que mudou foi a introdução de novas regras que impõem que, além de atingir o quociente, o partido também precisa alcançar 80% desse valor para concorrer às vagas remanescentes.
“Essa mudança interditou, por exemplo, que o PSOL mantivesse sua cadeira na Câmara Municipal, mesmo com uma votação quase três mil votos superior à de 2020, que já era um recorde na história de Feira de Santana”, afirmou.
Jhonatas Monteiro destacou o reconhecimento que obteve nas urnas, mesmo em uma eleição muito disputada.
“Nós conseguimos superar nosso próprio recorde, e a votação se manteve expressiva. Isso é uma prova de reconhecimento da população pelo serviço prestado pelo nosso mandato e pelo papel que desempenhamos em lutas populares”, comentou.
Contudo, ele também reconheceu que houve fatores atípicos nas eleições deste ano, como a concentração de votos em alguns partidos, o que fugiu ao padrão de eleições anteriores. “É um cenário que foge ao que tinha acontecido antes, mas acredito que esse foi o principal fator decisivo”, explicou o vereador.
Outro ponto levantado foi a dificuldade do PSOL em formar chapas com candidatos de maior representatividade eleitoral. O segundo candidato do partido em Feira de Santana não alcançou sequer 150 votos.
“Nós temos interesse em contar com pessoas com representatividade eleitoral quantitativamente expressiva, mas isso também esbarra em outra questão: nem sempre quem tem esse perfil está alinhado com a forma de fazer política do PSOL, que é baseada em uma disputa eleitoral limpa, sem a compra de votos ou negociação de favores”, destacou Jhonatas.
O vereador também refletiu sobre os desafios futuros do partido e mencionou iniciativas como a “Plataforma de Candidaturas Populares”, utilizada em 2020 e repetida em 2024.
“Estamos num esforço contínuo de formar novas lideranças. Embora os resultados ainda sejam tímidos, eles são importantes, pois dão visibilidade a pautas sociais significativas, como as defendidas por Aires, catadora de material reciclável, e Jaqueline, que tratou de questões como assédio no trabalho e saúde mental”, concluiu.
Mesmo sem a reeleição, Jhonatas Monteiro reafirmou seu compromisso com as causas sociais e com a luta por uma política que respeite o eleitorado e promova mudanças reais na sociedade.