Após 18 horas de júri, médico acusado de matar colega é condenado a 17 anos de prisão
O crime, ocorrido em maio de 2021, chocou a cidade e o estado pela brutalidade: o corpo de Andrade foi encontrado no Rio Jacuípe, amarrado a uma âncora.
Após mais de 18 horas de julgamento, Geraldo Freitas de Carvalho Júnior, médico de 35 anos, foi condenado a 17 anos e 10 meses de prisão pelo assassinato do também médico Andrade Santana Lopes. O júri popular ocorreu no Fórum Desembargador Filinto Bastos, em Feira de Santana, na quinta-feira (26), e terminou na madrugada desta sexta-feira (27), às 3h. O crime, ocorrido em maio de 2021, chocou a cidade e o estado pela brutalidade: o corpo de Andrade foi encontrado no Rio Jacuípe, amarrado a uma âncora.
O promotor de justiça Antônio Luciano Assis destacou a complexidade do caso e a longa batalha judicial.
“Foi um trabalho desgastante, vinte horas de julgamento, uma defesa bastante combativa, mas o conselho de sentença entendeu as provas apresentadas pelo Ministério Público. A sentença atendeu ao interesse coletivo, foi feita justiça pela morte do médico Andrade”.
Geraldo foi condenado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, totalizando uma pena de 17 anos e 10 meses. O Ministério Público se mostrou satisfeito com o resultado, como reforçou o promotor: “A pena foi dentro dos limites impostos pela lei, acolhendo na íntegra a nossa tese”.
O julgamento foi acompanhado de perto por amigos e familiares de Andrade Santana, muitos dos quais viajaram longas distâncias para prestar apoio. Domitila Lopes, mãe da vítima, expressou sua frustração com a pena, ainda que tenha reconhecido a importância da condenação.
“Ele merecia bem mais, mas foi o que conseguimos. Foi muito difícil reviver cada momento e olhar para a cara dele, fingindo choro. Mas graças a Deus, o jurado entendeu que ele era culpado. A gente sempre espera mais, porque tirar a vida do meu filho foi covardemente, mas eu tenho certeza que a próxima condenação vem de Deus.”
Diversas pessoas da área de saúde também estiveram presentes no julgamento, reforçando a memória de Andrade e o impacto de sua perda. Dejamira Meireles, que trabalhou com o médico em Araci, comentou a marca deixada pelo crime.
“Ele morreu no aniversário da minha filha, ficou marcado. Acompanhamos todo esse julgamento, revivendo cada detalhe. Sabemos que é difícil, mas a justiça tem que ser feita, e a gente nunca abandonou o projeto dele”.
O advogado de defesa de Geraldo Freitas, Marcos Melo, já entrou com recurso, alegando que a decisão foi excessiva e que as provas apresentadas não justificam a pena imposta.
“Foi uma decisão adversa, e já recorremos. Queremos um novo júri ou, no mínimo, a redução da pena. Acreditamos que foi uma decisão contrária à prova dos autos”, afirmou.
*Com informações do repórter Danillo Freitas