Feira de Santana e Sua História

Feira de Santana: O Impacto das décadas de 50 e 60 no crescimento urbano e cultural da cidade

De acordo com a professora Márcia Suely do Nascimento o crescimento urbano de Feira foi motivado, em grande parte, pela construção das rodovias BR-324, que conecta a cidade a Salvador, e a BR-116, conhecida como Rio-Bahia.

25/09/2024 08h20
Feira de Santana: O Impacto das décadas de 50 e 60 no crescimento urbano e cultural da cidade

Durante as décadas de 1950 e 1960, Feira de Santana passou por um período marcante de expansão urbana e desenvolvimento cultural. Essa transformação foi impulsionada principalmente pela construção de rodovias que conectaram a cidade a importantes centros, como Salvador e outras regiões do país.

Em entrevista ao De Olho na Cidade, a professora Márcia Suely do Nascimento, doutoranda em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro ofereceu uma análise detalhada das mudanças vivenciadas pela cidade nesse período.

Foto: Arquivo pessoal

De acordo com Márcia, o crescimento urbano de Feira foi motivado, em grande parte, pela construção das rodovias BR-324, que conecta a cidade a Salvador, e a BR-116, conhecida como Rio-Bahia.

“Essas estradas de rodagem foram fundamentais para a expansão populacional de Feira de Santana, atraindo pessoas de várias partes do Nordeste, como cearenses, pernambucanos e paraibanos”, explicou.

Esse fluxo migratório e a urbanização rápida exigiram a criação de novos serviços e, consequentemente, fomentaram o desenvolvimento cultural.

“A necessidade de lazer e cultura cresceu junto com a cidade. Feira viu um aumento na oferta de espaços culturais, como teatros, cinema, além das apresentações de Filarmônicas. A cidade também começou a produzir documentários e filmes, o que intensificou a vida cultural local”, acrescentou Márcia.

O processo de urbanização, no entanto, trouxe desafios e gerou diferentes reações na população. Enquanto alguns abraçavam a modernidade, desejando ruas mais largas, prédios modernos e maior oferta de serviços, outros resistiam às mudanças.

“Houve resistência sim, especialmente de pessoas que tinham uma memória mais ligada à cidade sertaneja, à feira no centro da cidade, que passou por uma reorganização para acomodar o crescimento”, destacou a professora.

Um ponto importante levantado pela historiadora foi o papel das rodovias na consolidação de Feira como um polo comercial e cultural. Segundo Márcia, essas vias não só facilitaram a movimentação de mercadorias e pessoas, mas também contribuíram para o surgimento de uma Feira de Santana multicultural.

“Feira não tem uma única identidade, mas várias. Por conta das rodovias, a cidade se tornou um mosaico cultural, com influências de diferentes regiões do país, o que a enriquece muito”, ressaltou.

Ao final da entrevista, a professora enfatizou que essa diversidade cultural é um dos maiores trunfos da cidade. “Se Feira souber lidar com essa multiplicidade de culturas e pessoas, seu crescimento será cada vez mais rico”, concluiu.

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