Setembro marca a emancipação de Feira de Santana: um olhar histórico sobre a cidade e sua evolução
Historiadora Liacélia Pires Leal destaca o processo de emancipação da cidade e sua evolução como importante polo comercial e rodoviário
Em entrevista ao De Olho na Cidade, a pesquisadora e historiadora Liacélia Pires Leal, que também preside o Instituto Histórico de Feira de Santana, explicou a importância histórica do mês de setembro para a cidade.
“No dia 18 de setembro de 1833 foi instalada a primeira Câmara Municipal de Feira de Santana, tornando a cidade emancipada de Cachoeira”, destacou a historiadora.
Liacélia ressaltou que, no Brasil do século XIX, as cidades e vilas só alcançavam grande relevância após a instalação de uma Câmara Municipal. Feira de Santana não foi exceção, e a partir dessa data, consolidou sua autonomia em relação à cidade de Cachoeira.
“Feira de Santana fazia parte da província de Cachoeira, e o desmembramento se deu em função do crescimento econômico da cidade, especialmente por conta de sua localização estratégica no comércio de gado”, explicou.
A historiadora ainda trouxe outros momentos históricos importantes, como o decreto de 16 de junho de 1873, que elevou Feira de Santana à categoria de cidade, com o título de “cidade comercial de Feira de Santana”. Esse processo de emancipação começou a ser delineado em 9 de maio de 1833, quando o desmembramento foi formalizado, culminando na instalação oficial da Câmara Municipal em 18 de setembro do mesmo ano.
“Antes disso, em 13 de novembro de 1832, o povoado foi elevado à categoria de vila, sendo uma das fases de transição até se tornar uma cidade plena”, acrescentou Liacélia.
Pouso de vaqueiros e entroncamento rodoviário
A evolução de Feira de Santana como um importante entroncamento rodoviário foi outro ponto abordado por Liacélia.
“A cidade começou a crescer como um ponto de parada para as tropas de gado que seguiam para Salvador. Os vaqueiros e comerciantes usavam a região como local de descanso, aproveitando o manancial de águas da região de Olhos D’água”, relatou.
A historiadora destacou que o Casarão dos Olhos D’água, conhecido por muitos como a sede original da cidade, na verdade era apenas um ponto de pouso para os vaqueiros.
“A sede de Feira de Santana estava mais à frente, onde hoje se localiza a matriz, e foi fundada por Domingos Barbosa de Araújo e Ana Brandoa, que construíram uma capela dedicada a Senhora Sant’Ana”, explicou.
Além de servir como um local de descanso para os vaqueiros, a região de Olhos D’água também teve relevância militar, sendo usada como depósito de munição durante a Guerra da Independência do Brasil na Bahia.
“Era um lugar de grande importância para os viajantes devido às lagoas e fontes de água que existiam ali, e embora muito tenha sido aterrado, ainda é possível ver vestígios dessa história, como a cruz que permanece em frente ao Casarão dos Olhos D’água”, afirmou.
Homenagem à história da cidade
Para celebrar a história de Feira de Santana, Liacélia anunciou que o Instituto Histórico e Geográfico da cidade promoverá uma palestra na quinta-feira (19), às 14h30, no Centro Cultural Cora Jorge de Oliveira. “Vamos falar sobre a importância dessa data para a cidade e refletir sobre os marcos que moldaram Feira de Santana ao longo dos séculos”, convidou.
A historiadora encerrou a entrevista enfatizando a relevância de setembro para a cidade: “Feira de Santana é muito mais antiga do que seus 191 anos de emancipação. Setembro é um mês que simboliza a nossa trajetória de crescimento e transformação”.
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