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Cardiologista destaca a conexão vital entre saúde emocional e física: Impactos do estresse na cardiologia

Esse alerta reflete a importância de uma medicina que vai além dos exames laboratoriais e que valoriza o cuidado integral, oferecendo suporte não apenas físico, mas também emocional, aos pacientes.

17/09/2024 06h31
Cardiologista destaca a conexão vital entre saúde emocional e física: Impactos do estresse na cardiologia

Na mais recente edição do quadro Momento IDM Cardio, transmitido pela Rádio Princesa FM e Sociedade News, o cardiologista Dr. Israel Reis discutiu o impacto direto que as emoções têm sobre o corpo físico. O médico explicou como condições emocionais podem desencadear e agravar uma série de doenças, especialmente relacionadas à cardiologia, mas que se estendem a diversas áreas da medicina.

“Hoje qualquer especialidade médica entende que mente e corpo estão conectados”, afirmou Dr. Israel, ao destacar que a velha máxima “mente sã, corpo são” é cada vez mais confirmada por estudos científicos. “A cardiologia, em muitos casos, funciona como uma porta de entrada para a psiquiatria”, continuou, enfatizando que pacientes com ansiedade ou depressão costumam manifestar sintomas como palpitações, dor no peito e medo de infarto, levando-os a procurar o cardiologista.

O médico destacou que não são apenas os cardiologistas que enfrentam essa realidade. Em especialidades como a gastroenterologia, é comum lidar com pacientes que apresentam gastrite, úlceras ou síndrome do intestino irritável, problemas frequentemente desencadeados por estresse emocional. “Brigou com alguém? Corre para o banheiro. Perdeu a fome ou tem algum mal-estar estomacal? Isso tudo pode ser reflexo das emoções”, acrescentou o cardiologista.

Dr. Israel também chamou atenção para os efeitos crônicos do estresse no corpo, ressaltando que o constante aumento de hormônios como cortisol e adrenalina pode levar a inflamações que contribuem para o desenvolvimento de doenças cardíacas, além de agravar condições como o risco de infarto.

“Hoje, nos congressos de cardiologia, muito se discute o impacto da inflamação crônica no surgimento de doenças cardíacas”, revelou o especialista, mencionando estudos que investigam como medir essa inflamação e as possíveis intervenções para reduzir os riscos.

A conexão entre estresse e saúde física, segundo o cardiologista, vai além das doenças cardíacas. Ele apontou que o estresse pode agravar doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide, além de quadros de psoríase e vitiligo. O tema, segundo ele, está ganhando destaque mundialmente, sobretudo após a pandemia de COVID-19, quando houve um aumento significativo de pessoas em busca de suporte emocional. “As agendas dos psiquiatras e psicólogos estão superlotadas, e isso não é diferente aqui no Brasil”, afirmou.

Ainda segundo Dr. Israel, pacientes com transtornos de ansiedade ou depressão enfrentam maiores riscos de desenvolver doenças cardíacas, principalmente por adotarem hábitos menos saudáveis.

“Pessoas deprimidas tendem a cuidar menos da saúde, comem mal, se exercitam menos e, muitas vezes, estão acima do peso”, explicou, destacando a importância de um olhar integral sobre o paciente.

A escuta ativa, na opinião do cardiologista, é um ponto crucial no tratamento. “Muitas vezes, o paciente chega com sintomas como palpitações ou formigamento no braço, e os exames não mostram nada”, disse Dr. Israel. “Se não houver uma escuta atenta, pode-se perder a chance de entender que o problema está em uma angústia, como a dificuldade de aceitar a homossexualidade de um filho ou uma briga por herança.”

Dr. Israel ressaltou, ainda, que muitos pacientes relutam em aceitar que seu problema pode ter origem emocional.

“As pessoas preferem ver um exame alterado a admitir que estão com problemas emocionais. Usar o crachá de diabético ou hipertenso é mais aceitável do que admitir que estão deprimidos ou ansiosos”, comentou, enfatizando que tratar o emocional é fundamental tanto para a prevenção quanto para o tratamento de doenças crônicas.

Ao finalizar, o médico deixou um recado claro: a conexão entre saúde emocional e física não pode ser ignorada.

“Não podemos focar apenas nos exames. É preciso entender o paciente de forma global e abordar suas emoções. Muitos problemas de saúde podem ser prevenidos ou tratados de forma mais eficaz se olharmos para o que está acontecendo emocionalmente com o indivíduo”, concluiu Dr. Israel.

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