Hospital da Mulher realiza I Congresso de Neonatologia Pediátrica; Evento discute práticas para reduzir mortalidade materna e infantil
Evento organizado pelo Hospital da Mulher reúne especialistas para capacitar profissionais e promover práticas que salvam vidas no cuidado obstétrico e neonatal.
O Hospital Inácia Pinto dos Santos, o Hospital da Mulher, promove um marco na saúde materno-infantil em Feira de Santana. Nesta quinta (29) e sexta-feira (30), será realizado o primeiro Congresso de Neonatologia e Obstetrícia da cidade, organizado pela Fundação Hospitalar, com foco em práticas baseadas em evidências para o cuidado obstétrico e neonatal. O evento acontecerá no auditório do hotel Ibis e contará com a presença de renomados profissionais da área, incluindo a enfermeira e professora doutora Adriana Carossi, da Universidade de São Paulo (USP).
Durante entrevista ao programa De Olho na Cidade (Rádio Sociedade News), a doutora Adriana destacou a importância da educação permanente e do treinamento baseado em evidências para os profissionais que atuam na assistência obstétrica.
“A prática baseada em evidências é fundamental para garantir a segurança e o bem-estar das mães e dos recém-nascidos. Cerca de 90% das mortes maternas são evitáveis, o que torna a mortalidade materna um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil”, destacou a professora.
Adriana apresentou dados alarmantes sobre a mortalidade materna no Brasil, que em 2019 foi de 57,9 mortes por 100 mil nascidos vivos, número que aumentou significativamente durante a pandemia, chegando a 100 mortes por 100 mil nascidos vivos.
“Esse aumento é preocupante, especialmente quando comparamos com países desenvolvidos, onde a taxa de mortalidade materna é de apenas 10 por 100 mil nascidos vivos”, alertou a doutora.
A professora Adriana explicou que uma das principais razões para essa alta mortalidade é a falta de treinamento adequado para os profissionais de saúde, que muitas vezes realizam intervenções desnecessárias durante o parto.
“Somos um dos países recordistas em cesarianas, e isso ocorre porque, muitas vezes, os profissionais não têm conhecimento suficiente sobre as melhores práticas baseadas em evidências científicas”, observou.
O Congresso é visto como uma oportunidade crucial para aprimorar o conhecimento dos profissionais da região e, consequentemente, reduzir as taxas de mortalidade materna e infantil.
“Esses treinamentos são essenciais para que os profissionais possam tomar decisões embasadas nas melhores evidências científicas, evitando intervenções desnecessárias e garantindo um atendimento mais seguro e eficaz”, explicou Adriana.
Além dos treinamentos, a especialista enfatizou a importância de seguir diretrizes para reduzir a mortalidade materna e infantil.
“Mais de 90% dos partos ocorrem naturalmente, sem necessidade de intervenções. No entanto, muitos profissionais ainda realizam procedimentos desnecessários, aumentando os riscos para a mãe e o bebê”, acrescentou.
A resposta dos profissionais que participaram do congresso foi extremamente positiva. “Fiquei impressionada com o interesse dos profissionais em aprender e se atualizar. Eles estão sedentos por conhecimento e isso é muito gratificante. Esse congresso está sendo uma oportunidade valiosa para promover as melhores práticas no parto e nascimento”, afirmou Adriana.
Durante a entrevista, um ouvinte questionou a doutora sobre a realização de partos normais em hospitais privados. Adriana Carossi esclareceu que é possível ter um parto normal de qualidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital da Mulher e na recém-inaugurada Casa de Parto. “Você não precisa gastar seu dinheiro. O Hospital da Mulher tem profissionais altamente capacitados e comprometidos com as boas práticas do parto”, recomendou.