Cirurgião plástico desmistifica o conceito de “recuperação rápida” em cirurgia plástica
Uma normativa do CFM reforça a necessidade de uma comunicação clara e precisa, evitando a criação de falsas expectativas sobre os procedimentos de recuperação.
Em entrevista ao programa Jornal do Meio Dia (Rádio Princesa FM), o Dr. Bernardo Fontes, cirurgião plástico, abordou a crescente popularidade e as controvérsias em torno do termo “recuperação rápida” em procedimentos de prótese mamária. Segundo ele, essa expressão tem sido amplamente utilizada como uma estratégia de marketing, o que levou o Conselho Federal de Medicina (CFM) a emitir uma nota orientando os médicos sobre seu uso.
“Recuperação rápida é um termo que não deve ser utilizado para fins de marketing. O CFM emitiu uma normativa pedindo que não se utilize esse termo, pois ele não é consagrado pelo conselho e pode levar os pacientes a expectativas irreais sobre o pós-operatório.” Explica Dr. Bernardo.
O conceito de recuperação rápida envolve uma série de técnicas desenvolvidas há mais de vinte anos pelo Dr. John Tebbetts, um cirurgião americano, que visam reduzir o trauma cirúrgico e, consequentemente, acelerar a recuperação.
“Utilizamos pontos específicos para evitar traumas durante a cirurgia, o que pode proporcionar uma volta às atividades de forma mais breve. No entanto, isso não muda a fisiologia da cicatrização”, acrescenta.
O método inclui a utilização de um funil para colocar a prótese com menos trauma, fios farpados, colocação da prótese no plano submuscular, anestesia e antibióticos específicos.
“Seguindo esses pontos, conseguimos reduzir o trauma e a inflamação, o que pode permitir ao paciente retomar atividades leves mais cedo. Contudo, isso não significa que a pessoa estará totalmente recuperada e apta a realizar atividades físicas intensas imediatamente após a cirurgia”, ressalta.
Dr. Bernardo enfatiza a importância de ajustar as expectativas dos pacientes. “Não adianta achar que vou operar e amanhã você está na academia. É fundamental seguir as orientações médicas e entender que a cicatrização tem seu próprio tempo.”
A orientação do CFM foi clara ao proibir o uso do termo “recuperação rápida” na divulgação de procedimentos cirúrgicos.
“O uso desse termo estava induzindo os pacientes a acreditarem que poderiam retomar suas atividades normais sem restrições logo após a cirurgia, o que não é verdade”, pontua o cirurgião.
“Programar-se para a cirurgia é essencial. A cirurgia plástica não deve ser banalizada. É um investimento em você, na sua autoestima e bem-estar, mas é crucial seguir todas as recomendações do médico para garantir uma recuperação segura e eficaz”, aconselha Dr. Bernardo.
Durante a entrevista, Dr. Bernardo também falou sobre o uso de medicamentos para emagrecimento, como o Ozempic.
“A utilização indiscriminada dessas medicações sem prescrição médica é um problema. Quando bem indicado por um profissional capacitado, o uso pode ser válido. Temos drogas mais avançadas chegando, como o Mounjaro, que promete uma redução de peso significativa, mas deve ser utilizado com cautela e orientação médica.”
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