Cardiologista analisa os impactos do uso da maconha ao coração
O Dr. Israel Reis ressaltou o aumento significativo no uso da maconha desde 2002.
Em mais um episódio do Momento IDM Cardio dos programas Jornal do Meio Dia (rádio Princesa FM) e De Olho na Cidade (rádio Sociedade News), o cardiologista Dr. Israel Reis discutiu os impactos do uso da maconha, especialmente em um cenário de crescente legalização mundial e os estudos recentes sobre seus efeitos na saúde pública.
Dr. Isael destacou a recente decisão do STF sobre a quantidade de maconha que não pode ser penalizada, seguindo uma tendência observada em diversos países, incluindo os Estados Unidos, onde 40 estados já legalizaram o uso da maconha, seja para fins medicinais ou recreativos.
O cardiologista ressaltou o aumento significativo no uso da maconha desde 2002.
“Há dados americanos que mostram que, de 2002 a 2019, o uso duplicou, e o uso diário quadruplicou,” afirmou. Ele mencionou que os princípios ativos da maconha, como o CBD (canabidiol) e o THC (tetrahidrocanabinol), têm mostrado benefícios em situações específicas, como controle da dor crônica e ansiedade. Contudo, alertou sobre o uso indiscriminado sem prescrição médica, enfatizando a necessidade de dosagens adequadas e o acompanhamento por profissionais experientes.
O cardiologista trouxe à discussão a questão da percepção pública sobre a maconha e seu potencial uso medicinal, que pode diminuir a percepção de seus riscos.
“Há uma preocupação porque tem diminuído a percepção das pessoas da nocividade,” disse, destacando que, embora haja benefícios medicinais, a prática de fumar maconha, a forma mais comum de uso, pode trazer riscos desconhecidos.
O cardiologista apresentou um estudo recente, publicado em maio de 2024, que analisou dados do CDC americano de 2016 a 2020, envolvendo 434 registros.
“O estudo observou que aumentou em 42% o risco de AVC e em 25% o risco de infarto entre os usuários de maconha comparados aos não usuários,” revelou. Ele alertou sobre a necessidade de mais pesquisas robustas para confirmar esses dados e entender melhor os efeitos da maconha no sistema cardiovascular.
Quando questionado sobre os efeitos do fumo passivo de maconha, Dr. Israel respondeu que, embora ainda no campo das hipóteses, é provável que o fumo passivo também possa ser prejudicial.
“É muito provável que o fumante passivo, a fumaça da maconha também tenha um impacto,” comentou.
Dr. Israel destacou que decisões como a do STF devem ser tomadas com uma ampla discussão pública e científica, destacando a importância da participação de sociedades médicas nesses debates.
“Uma decisão dessa, sem discussão, pode trazer sérios impactos lá na frente, tanto do ponto de vista de saúde quanto financeiro,” afirmou. Ele enfatizou a necessidade de uma abordagem cuidadosa e baseada em evidências para avaliar o impacto do uso da maconha na população.