Especialista alerta sobre o uso excessivo de telas durante as férias
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que até os dois anos, crianças não tenham contato com telas e que entre dois e cinco anos, o uso seja limitado a uma hora por dia.
Na era digital, as férias escolares muitas vezes se traduzem em crianças e adolescentes passados frente às telas, seja televisão, tablet ou celular. A psicopedagoga e especialista em neurociência da educação Izabel Cristina Araújo, do Instituto Priorit em Feira de Santana, aborda esse comportamento e seus efeitos preocupantes.
“Durante as férias, é comum ver crianças e adolescentes mais tempo nas telas do que em movimento, e isso é alarmante,” diz. “Estudos mostram que o contato com a natureza e ambientes abertos promove melhor saúde mental e emocional. Crianças em ambientes fechados tendem a apresentar pior saúde mental e emocional.”
Além disso, a falta de movimento aumenta o sedentarismo. “O movimento é crucial para o cérebro. É através dele que a criança desenvolve atenção, concentração e memória, graças aos neurotransmissores produzidos pelo exercício,” explica. Infelizmente, muitas queixas chegam aos consultórios sobre crianças que não conseguem prestar atenção, muitas vezes atribuídas erroneamente a um déficit de atenção.
A especialista também aponta a realidade das famílias, Izabel sugere várias atividades para envolver as crianças sem depender das telas.
“Podemos fazer passeios na lagoa, piqueniques, ou mesmo brincadeiras simples no quintal. Atividades como caça ao tesouro, campeonatos na piscina, ou dia do teatro estimulam a criatividade e o desenvolvimento social.”
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que até os dois anos, crianças não tenham contato com telas e que entre dois e cinco anos, o uso seja limitado a uma hora por dia.
“Infelizmente, vemos o contrário em restaurantes e shoppings, com crianças pequenas sempre com uma tela na mão,” lamenta.
Para adolescentes, a abordagem precisa ser diferente. “Precisamos propor atividades que os interessem, como trilhas de bicicleta ou jogos de tabuleiro. Em Feira de Santana, por exemplo, temos locais que oferecem uma variedade de jogos que podem atrair os jovens.”
Isabel enfatiza a importância de limitar o uso das telas e incentivar o contato familiar. “Pais e mães devem ser firmes, mas também ouvir e construir uma rotina juntos. A interação social é fundamental para o desenvolvimento saudável.”
Ela finaliza com um desafio: “Vamos tentar passar um turno sem celular e compartilhar essa experiência. A tela em excesso traz doenças e dificuldades de sono e aprendizagem. Precisamos buscar alternativas saudáveis para nossas crianças.”