Dia Mundial Sem Tabaco alerta para a ascensão dos cigarros eletrônicos entre os jovens
A luta contra o tabagismo, especialmente entre os jovens, deve ser intensificada, e a conscientização é a chave para um futuro mais saudável.
No Dia Mundial Sem Tabaco, a Dra. Alana de Medeiros, pneumologista, aborda a crescente preocupação com o uso de cigarros eletrônicos, especialmente entre os jovens. Em entrevista ao programa Jornal do Meio Dia (rádio Princesa FM), ela destaca a importância da conscientização e da regulamentação no combate ao tabagismo.
“Nos últimos cinco anos, vivemos um renascimento do tabagismo entre os jovens, impulsionado pelos cigarros eletrônicos. Essa discussão tornou-se crucial em nossa rotina”, afirma. “Os números crescentes de casos e óbitos por câncer de pulmão são alarmantes. Globalmente, cerca de oito milhões de pessoas morrem anualmente devido ao tabagismo, e no Brasil, essa proporção é igualmente preocupante.”
Ela explicou sobre a relação entre o tabagismo e outro tipos de câncer e não apenas ao câncer de pulmão.
“Um único cigarro contém mais de sete mil substâncias nocivas, das quais sessenta e nove são carcinogênicas. É vital entender que o tabagismo afeta não apenas os pulmões, mas todo o corpo. No mundo, aproximadamente 156 mil pessoas sofrem de doenças relacionadas ao tabaco, não apenas câncer de pulmão, mas também outros tipos como câncer de colo de útero, bexiga e outros órgãos.”
A Dra. Alana ressalta os perigos específicos dos cigarros eletrônicos: “Há uma doença pulmonar associada ao cigarro eletrônico, conhecida como EVALI, que surgiu em 2019. Muitos pais não sabem o que constitui um cigarro eletrônico, que contém nicotina em concentrações muito maiores e não regulamentadas. Além disso, esses dispositivos podem explodir, causar queimaduras e envenenamento se os refis forem ingeridos.”
Apneulogista também alertou para a desinformação e o marketing dos cigarros eletrônicos.
“Infelizmente, há uma crença errônea de que os cigarros eletrônicos são uma alternativa segura e uma ferramenta para cessação do tabagismo. No entanto, o público jovem foi o mais impactado, em parte devido à adição de sabores e à falta de regulamentação em ambientes livres de fumo”, explica. “As grandes indústrias de cigarros eletrônicos alegam que seu produto é uma forma de consumo menos prejudicial, mas a realidade é bem diferente.”
A Dra. Alana destaca os esforços da Sociedade Brasileira de Pneumologia em campanhas de conscientização: “Estamos empenhados em educar a população e fornecer suporte às famílias para prevenir o vício entre os jovens. A iniciação no uso de cigarros eletrônicos muitas vezes leva ao consumo de outras drogas, como maconha e cocaína.”
Em termos de tecnologia, ela comenta: “Embora não tenhamos avançado muito em terapias medicamentosas para cessação do tabagismo, houve progresso significativo nas técnicas psicoterapêuticas e no rastreamento precoce do câncer de pulmão, que permite um diagnóstico e tratamento mais eficazes.”
Sobre o futuro, a Dra. Alana é enfática: “Precisamos reavivar as campanhas de conscientização, similar às que marcaram as gerações passadas. A regulamentação dos cigarros eletrônicos é crucial, e devemos trazer essa discussão à tona com mais frequência.”
No consultório, a Dra. Alana observa uma tendência preocupante: “Embora a maioria dos pacientes ainda sejam de meia idade ou idosos que fumam cigarros convencionais, a quantidade de jovens consumidores de cigarros eletrônicos está aumentando. Infelizmente, muitos não estão motivados a parar ou não reconhecem os danos causados.”