Arquitetos discutem a ameaça da repetição e importância do projeto original na arquitetura
A reflexão final dos arquitetos reforça a importância de projetos personalizados
A arquitetura contemporânea enfrenta um desafio significativo: a tendência de repetição. Esse fenômeno, motivado pela pressão do mercado e pela busca de soluções rápidas e acessíveis, tem gerado uma homogeneização nos projetos arquitetônicos. Os arquitetos Raphaela Andrade e Thiago Moreira discutem a importância da originalidade e da identidade em suas criações.
“São inúmeros fatores que influenciam diretamente a repetição na arquitetura”, explica Raphaela Andrade. “Um deles é a pressão do mercado por tendências, o que cria uma espécie de repetição que torna os projetos homogêneos. Precisamos ter muito cuidado para usar cores, materiais e texturas de forma inteligente, garantindo que cada projeto tenha sua própria personalidade e funcionalidade.”
Thiago Moreira complementa: “O Brasil é único em suas metodologias construtivas, que variam de acordo com as condições climáticas e culturais. É preocupante ver estruturas pré-moldadas substituindo edificações históricas, desrespeitando a cultura e a história locais. Exemplos como o Museu Rodin e a Casa do Menino em Salvador mostram como é possível integrar o clássico ao contemporâneo sem destruir o patrimônio.”
A dupla enfatiza que inspiração e referência são conceitos distintos na arquitetura.
“Inspiração não é a mesma coisa que referência visual de internet”, destaca Thiago. “Referência é viajar, conhecer diferentes culturas, ler livros, assistir filmes e entender as nuances de luz e espaço. Isso enriquece a arquitetura de forma única.”
Raphaela e Thiago também abordam a importância do diálogo entre arquitetos e clientes.
“O bom de ter um arquiteto é estar aberto a novas possibilidades”, afirma Raphaela. “É crucial ouvir o cliente e entender suas necessidades além da estética, considerando memórias afetivas e desejos futuros.”
Eles compartilham uma experiência de projeto para ilustrar esse ponto.
“Certa vez, usamos tijolinho como elemento de destaque em um projeto. Durante a apresentação, o cliente revelou uma memória traumática associada ao tijolinho, o que nos fez repensar a escolha. Essa troca é essencial para criar algo verdadeiramente significativo.”
A repetição de materiais e estilos, como o uso de ripados, também é discutida.
“O ripado é um excelente material funcional, mas quando usado apenas pela estética, perde sua função original. É necessário encontrar um equilíbrio entre estética, funcionalidade e investimento”, conclui Thiago.