Responsabilidade coletiva é crucial no combate ao abuso sexual infantil, dizem especialistas
Maio Laranja promove atividades de conscientização e mobilização em defesa das crianças e adolescentes.
Em 2000 foi instituída uma lei federal que estabelece o mês de maio como o Mês de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes em memória da menina Araceli Cabrera Sánchez Crespo, assassinada em 1973 aos oito anos de idade. Durante todo o mês, organizações sociais e órgãos públicos realizam uma série de atividades de conscientização e mobilização pelo fim da violência sexual infantil. Em entrevista ao programa Jornal do Meio Dia (rádio Princesa FM), Walmir Mota, psicólogo, alertou sobre os perigos que podem estar próximos de nossos filhos.
“A escola é um recorte da sociedade. Então, não tem como deixar de fora da escola assuntos que tocam a vida das famílias, das crianças e dos adolescentes que estão dentro da escola. Assuntos como bullying, racismo, diversidade e o combate ao abuso sexual e à exploração sexual de crianças e adolescentes são essenciais para serem discutidos,” explica.
Walmir também destacou os sintomas que podem indicar que uma criança ou adolescente está sendo vítima de abuso.
“Uma criança que está agora muito retraída, que de repente tem uma regressão de comportamento, ou que mostra medo ou apego excessivo a uma pessoa específica, pode estar mostrando sinais de abuso. Também é preocupante quando uma criança se interessa por sexo fora da faixa etária adequada, chora excessivamente ou apresenta comportamentos de pânico.”
Estatísticas alarmantes reforçam a necessidade de vigilância: “90% dos abusadores são do sexo masculino e 85% desses abusadores são próximos da vítima. Pais, tios, primos ou pessoas muito próximas da família frequentemente são os abusadores,” informa Walmir.
A escola João Paulo I promove nesta segunda-feira (20) uma live para discutir o assunto, destacando a importância de observar e escutar as crianças de forma sensível e sem julgamentos.
Adultos têm uma facilidade de achar que a criança mente, então é crucial ouvir a criança, observar seu comportamento e estar atento a sinais físicos como machucados,” aconselha Walmir.
Testemunho de Superação
Cristhiane Castro, jornalista e estrategista de comunicação, compartilhou seu testemunho de abuso sexual na infância e adolescência.
“Só vim entender o impacto que isso teve na minha vida há alguns anos. Durante quatro anos, fui abusada por uma pessoa muito próxima da família. Mesmo com pais presentes e amorosos, não consegui falar sobre o assunto. Só na fase adulta, após muitos anos de terapia, consegui compreender e enfrentar o trauma,” revela Cristhiane.
Ela ressalta a importância das campanhas de conscientização e do papel protetor que todos devem assumir.
“Falar sobre isso é difícil, mas é necessário para que crianças e adolescentes se sintam protegidos e saibam que podem contar com apoio,” conclui.
Responsabilidade Coletiva
Judinara Braz, psicóloga e coordenadora da escola João Paulo I, enfatiza que a responsabilidade de proteger as crianças é de todos.
“É dever de todos não ficar alheio aos problemas dentro de sua própria casa. Em 2023, mais de 253 casos de suspeita de abuso sexual de crianças e adolescentes foram registrados. Isso acontece em todas as classes sociais e ambientes,” afirma Judinara.
Walmir reforça a importância da denúncia: “O Disque 100 é uma porta para denúncia, e o Conselho Tutelar, as delegacias especializadas e o Ministério Público estão à disposição para receber essas denúncias. A ação mais urgente é retirar o abusador do convívio da vítima, garantindo a proteção da criança.”
Live de Conscientização
A live promovida pela escola João Paulo I contará com a presença de Dr. André Rocha Gonçalves, delegado federal, e Luciana Reis, coordenadora do CEDEC (Centro de Defesa de Direitos de Criança e Adolescente de Salvador). Ambos trarão perspectivas importantes sobre a justiça e a defesa dos direitos das crianças e adolescentes contra a violência e o abuso sexual.
A live, aberta para toda a sociedade, busca promover uma discussão ampla e oferecer orientações para a proteção das crianças e adolescentes. A live estará disponível no canal do YouTube da escola João Paulo I.
A conscientização e a ação coletiva são essenciais para proteger nossas crianças e adolescentes da violência sexual. É dever de todos nós estarmos atentos e agirmos para garantir um futuro seguro e saudável para nossos jovens.