Feira de Santana

Primeira edição da Micareta Sustentável e Solidária apresenta resultados positivos em Feira de Santana

Uma tecnologia socioambiental desenvolvida pelo Cama, os Eco Indicadores evidenciaram a importância da reciclagem para redução direta no uso dos recursos naturais.

06/05/2024 06h19
Primeira edição da Micareta Sustentável e Solidária apresenta resultados positivos em Feira de Santana
Foto: Divulgação SECOM/BA

A primeira edição do Projeto Micareta Sustentável e Solidária, uma iniciativa pioneira liderada pelo Governo da Bahia em parceria com a associação Artemares e a ONG Cama, foi concluída com resultados promissores para a sustentabilidade e melhoria de renda para cerca de 360 catadores e catadoras de recicláveis, sendo mais de 6 toneladas de latinhas de alumínio e materiais plásticos retirados das ruas. Os resultados do projeto e os Eco Indicadores foram divulgados em evento realizado na última sexta-feira (03) na sede do Ministério Público do Trabalho, na cidade de Feira de Santana.

Uma tecnologia socioambiental desenvolvida pelo Cama, os Eco Indicadores evidenciaram a importância da reciclagem para redução direta no uso dos recursos naturais. Cada tonelada de material coletado, durante os cinco dias de folia, evitou a emissão de 24 toneladas de gases do efeito estufa, especialmente dióxido de carbono. Também foi computada uma economia de 91.858 litros de água, 1.434 litros de petróleo e uma redução do uso de 248.981 kWh de energia.

Representando a Secretaria do Meio Ambiente (Sema), o coordenador da Superintendência de Inovação e Desenvolvimento Ambiental (SIDA), Diego Cerqueira, os dados apresentados revelam a importância que o projeto teve para a inclusão social e a gestão sustentável dos resíduos sólidos.

“O sucesso desta edição da Micareta Solidária e Sustentável estabelece um novo padrão para eventos futuros, transformando as festas populares do estado em um palco de inclusão social e proteção dos recursos naturais. Os resultados mostram a importância da valorização do trabalho destes agentes ambientais, que são os catadores de recicláveis, que contribuem objetivamente para um futuro mais sustentável”.

Durante a programação, a bióloga e coordenadora da ONG Cama, Carine Nascimento, explicou a metodologia utilizada para calcular os Eco Indicadores.

“São dados calculados com base no quanto este material, coletado e destinado à reciclagem, reduziu no uso de recursos naturais destinados a fabricação de novos produtos. Divulgamos as informações em um painel de forma bem didática, a exemplo da economia alcançada no consumo de água, energia, petróleo e redução das emissões de dióxido de carbono”, explicou. 

Os dados eram atualizados e divulgados diariamente no painel “Reciclômetro” instalado na Central de Valorização e Inclusão dos Catadores de Materiais Recicláveis. O material coletado era entregue na Central, onde acontecia a pesagem na frente dos catadores que recebiam o pagamento na hora, diretamente das cooperativas, sem atravessadores, além de oferecer melhores preços pelo quilo de alumínio e do plástico.

O coordenador do Cama, Joilson Santana, destacou o pioneirismo e os impactos positivos da ação.

“Um número que nos surpreendeu por ser o primeiro ano do projeto, refletindo muito a força da nossa categoria. Nós, do Cama, entendemos a importância desse trabalho, por isso que atuamos a quase três décadas desenvolvendo ações e projetos ligados a esta missão de apoiar, fomentar e desenvolver cada vez mais o trabalho dos catadores”, ressaltou.

Beneficiado pelo projeto, Gilson Costa, referência no município com 28 anos trabalhando como catador, mostrou como o projeto ajudou tanto financeiramente quanto no reconhecimento junto aos moradores e turistas.

“Com o apoio das cooperativas e do Governo, ano que vem com certeza vamos coletar o dobro de toneladas. Fiquei surpreso e muito feliz, quando passava pela rua e era abordado com respeito e carinho pelas pessoas, que guardavam as latinhas esperando a gente passar para nos entregar. Isso se deu muito pelo projeto, que forneceu farda e equipamentos de proteção, assim os foliões viam que éramos trabalhadores organizados”.

Já o presidente da Artemares, Jailton Cardoso, agradeceu o apoio de todas as instituições parceiras.

“Em nome da Artemares quero agradecer também essa parceria que foi feito com o Cama, o Governo do Estados e o MPT, que levou cidadania, geração de renda e o cuidado do meio ambiente, destacando a socialização entre os catadores, os agentes públicos e toda a sociedade feirense”.

 “Micareta Sustentável e Solidária”

A iniciativa uniu esforços e investimentos das secretarias do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), do Meio Ambiente (Sema), de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), de Desenvolvimento Rural (SDR) e da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), além do Ministério Público do Trabalho da Bahia e o Fórum Estadual Lixo e Cidadania do Estado da Bahia (FLC-BA).

Parceira e articuladora da ação, a representante do MPT-BA, a procuradora Annelise Leal Pereira, parabenizou a todos que participaram e apoiaram a ação.

“Esse evento, apresentando um balanço do que foi realizado, é importante para ver tanto o resultado positivo quanto os pontos que precisam melhorar. Então, vamos trabalhar nesse sentido de melhorias desse projeto, de repente para ampliar, trazer outras cooperativas e alcançar cada vez mais catadores”, pontuou.

A assessora de gabinete da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), Urânia Santa Bárbara, falou sobre a abordagem transversal do projeto.

“A gente está aqui feliz em celebrar os resultados positivos do que foi essa atividade, com a contribuição de diversos setores, inclusive do Governo do Estado, principalmente pela valorização dos trabalhadores, catadoras e catadores de recicláveis. Para a questão dos direitos humanos, a gente traz uma bandeira que é o ‘respeito é o nosso direito’, uma ação desenvolvida para mostrar que trabalhador tem o direito de exercer sua profissão com dignidade”.

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