Sindicato dos bancários homenageia Osmar Pereira, vítima do golpe militar
No dia 08 de abril completou 60 anos da prisão de Osmar pela ditadura
Na última segunda-feira (8), o sindicato dos bancários de Feira de Santana, juntamente com a Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, uniram-se para prestar uma homenagem a Osmar Pereira Ferreira na cofundador e ex-diretor do sindicato, cuja trajetória foi marcada por sua corajosa resistência durante os anos sombrios da ditadura militar, completando 60 anos desde sua prisão.
Eritan Machado, presidente do Sindicato dos Bancários de Feira de Santana, expressou a importância desse momento de reconhecimento.
“Osmar é um dos cofundadores do nosso sindicato e foi diretor da instituição. Ele completou 60 anos desde que foi preso dentro da agência bancária, exatamente na última segunda-feira, dia 08. Foi durante o fatídico golpe militar de 01 de abril de 1964 que Osmar se tornou uma das vítimas, sendo preso, torturado e posteriormente demitido injustamente. No ano passado, conseguimos reintegrá-lo, e este ano marca o 60º aniversário de sua prisão. Por isso, achamos justo prestar essa homenagem a ele na mesma agência onde foi detido. Foi um dia emocionante, com a presença de diretores sindicais, colegas da época da prisão, do antigo Banco da Bahia (hoje Bradesco) e da agência atual. Esta homenagem não é apenas para Osmar, mas para toda a nossa diretoria, pois ele é parte fundamental da luta por um país menos desigual e é um exemplo para as gerações mais jovens na defesa de uma democracia.”
Atualmente aos 81 anos, Osmar é advogado, mas sua jornada começou como chefe do setor de cobrança no Banco da Bahia, posteriormente incorporado ao Bradesco em 1973. No entanto, sua trajetória foi marcada por uma implacável perseguição política, decorrente de seu envolvimento com a Juventude do Partido Comunista Brasileiro e sua atuação como dirigente sindical.
Após sua libertação em 20 de abril de 1964, Osmar retornou à agência onde trabalhava, apenas para ser demitido no mesmo dia pela instituição bancária, mesmo possuindo estabilidade sindical. Sua reintegração só veio a acontecer 59 anos depois, após intervenção sindical.
Ainda segundo Eritan, a trajetória de luta e resistência de Osmar é motivo de inspiração para seus colegas e um lembrete do período sombrio da ditadura militar no Brasil.
“É um cara que ainda luta na justiça para que o banco pague o que deve a ele, porque conseguiu a readmissão, mas infelizmente, o Bradesco ainda tem batalhado para não cumprir o que é devido a Osmar. Ele é motivo de orgulho, espelho e exemplo para todos nós. Osmar foi uma das vítimas, mas no nosso sindicato também tivemos outro companheiro que, além de ser vítima desse processo, infelizmente veio a falecer em decorrência das torturas que sofreu. Felizmente, Osmar está vivo para contar sua história, servindo de exemplo de um período triste da nossa história, e ao reconhecê-lo, lembramos para que lutemos para que não se repita. Como diz a frase, a história primeiro se repete como farsa e depois como tragédia. Não queremos essa tragédia novamente, por isso achamos justo e necessário homenagear datas como essa, para que permaneçam em nossa memória e não permitamos que se repitam.”