Historiador explica os mitos e verdades do Golpe Militar de 1964
O professor mergulhou nas entranhas deste período da história brasileira, revelando aspectos pouco conhecidos e essenciais para compreendermos o passado e o presente do país.
Em uma conversa esclarecedora, o historiador Clóvis Ramaiana explicou os mitos e verdades sobre o Golpe Militar de 1964, durante sua participação no programa Cidade em Pauta, na rádio Nordeste FM. O professor mergulhou nas entranhas deste período da história brasileira, revelando aspectos pouco conhecidos e essenciais para compreendermos o passado e o presente do país.
Ao longo da entrevista, Ramaiana não poupou críticas à visão distorcida propagada sobre o Golpe Militar.
“Não houve resistência praticamente nenhuma. O Golpe Militar foi uma ação violenta contra pessoas direcionadas, inclusive camponeses, que foram alvo de perseguição e assassinato durante o regime.”, enfatizou.
Clóvis também falou sobre o uso de termos-chaves relacionados ao período de exceção que durou 21 anos, como “ditadura militar”, “ditadura civil-militar”, “golpe”, “revolução”, “presidente” e “ditador”. Os usos dessas palavras dão ênfases a como esse período da história brasileira pode ser interpretado.
“É civil militar, mas eu quero, digamos, refinar um pouquinho mais o argumento, porque de fato muitos civis participam, tem três figuras notáveis, inclusive, pela corrupção, que são lideranças do golpe militar, o Carlos Lacerda, governador do Rio de Janeiro, o Magalhães Pinto governador de Minas Gerais, e o Ademar de Barros, governador de São Paulo.”
Para Ramaiana, é essencial enfrentar a memória do golpe para curar as feridas do passado e desarmar a ideia de que a política é sinônimo de violência.
“Revisitar a memória é uma forma da gente, primeiro, dizer que é preciso desarmar. Armar a política, a ditadura consegue implementar, ou melhor, ela consegue cristalizar, porque já vinha uma crescente antes disso.”
Além disso, o historiador abordou a dimensão empresarial do golpe, destacando o financiamento de setores empresariais e a conivência de grandes empresas que lucraram com o regime militar.
“A ideia de que política é violência. Tem uns cabas que ficam falando aí, não, porque na ditadura era tranquilo, na ditadura foi quem montou os esquadrões da morte que deram hoje nas milícias.”