Bahia

Entre guerra e resistência: Independência da Bahia é uma conquista nacional

2 de julho é muito mais que uma comemoração estadual.

02/07/2022 18h04
Entre guerra e resistência: Independência da Bahia é uma conquista nacional
O Primeiro Passo para a Independência da Bahia/Pintura de Antônio Parreiras

Mais que um feriado, o dia 2 de Julho marca um importante feito para a história: A independência do estado baiano. Mesmo após a independência do Brasil, decretada no dia 7 de setembro de 1822, algumas tropas portuguesas ainda permaneceram em solo brasileiro, dentre eles, Salvador.

Por mais de 17 meses(de fevereiro de 1822 a julho de 1823), a Bahia guerreou contra as tropas portuguesas. Foi na manhã do dia 2 de julho de 1823, que o exército brasileiro retornou, vitorioso, à Salvador.  Com a vitória do Exército e da Marinha do Brasil na Bahia, consolidou-se a separação política do Brasil de Portugal.

Para muitos historiadores o 7 de setembro é então uma data simbólica, já que muitas tropas portuguesas ainda não haviam se emancipado do Brasil, principalmente em localidades da região Nordeste. 

Nos versos do Hino Baiano, escrito por , encontram-se as seguintes palavras: “Com tiranos não combinam brasileiros corações”. A letra expressa claramente que o ato de 2 de julho, mais do que um feriado baiano, é uma conquista brasileira.

Dentre os heróis da independência, se encontra uma heroína, que hoje é nome de uma das principais avenidas da cidade de Feira de Santana. Maria Quitéria, fingiu ser homem para lutar nas forças armadas e defender seu povo, sendo a primeira mulher a entrar para as forças armadas

Em Feira de Santana, a história da heroína é exposta para toda a população no Casarão Olhos D’Água, com acesso para toda a população. Além de livros, histórias em quadrinhos, obras audiovisuais, e peças de teatro.

No ano de 2019, o grupo Cordel de teatro, trouxe o espetáculo “Quitéria”, sob direção de Geovane Mascarenhas. O elenco contou com Léo Sátiro, Cleyton Vidal, Lion Guimarães, Aída Vitória, Carol Acos e Denner Lobo, e Júlia Lorrana, que interpretou a heróina.

“Muita gente só conhece essa parte onde os livros contam que ela se vestiu de homem e tudo mais e é justamente isso dentro do espetáculo que a gente deu uma ‘quebrada’, tentamos humanizar a Quitéria, mostrar a história dela desde o início, desde quando ela nasceu até sua morte. E ela é tão marcante justamente por ir contra todo todo um padrão que a sociedade da época queria para as mulheres, ela estava a frente do seu tempo. Então, ela é marcante justamente por enfrentar essas essas barreiras essas limitações que eram impostas e por defender seu estado e o seu país”, diz a atriz Júlia Lorrana.

Foto: Divulgação

Para Lorrana, por ser uma mulher que foi contra todo o machismo e patriarcado da época para lutar pelo que ela acreditava, Maria Quitéria é uma inspiração: “Toda pessoa que se dispõe a seguir de fato aquilo que acredita em prol de algo muito maior, se torna muito marcante.”

Mais que uma data, o 2 de julho é marcado por luta e resistência. Além de Quitéria, outras mulheres também deixaram sua marca nessa conquista.

Maria Felipa era negra e natural de Itaparica, segundo relatos, ela comandou cerca de 40 mulheres na luta pela independência, sendo esse responsável por queimar 42 embarcações portuguesas.

Há também Joana Angélica, abadessa que enfrentou as tropas portuguesas que tentavam invadir o Convento da Lapa, localizado no centro da cidade de Salvador. Apesar de sua bravura, Joana foi assassinada enquanto protegia o local.

“É importante para reafirmar a nossa resistência, e força. Nunca esquecer das reais personalidades que fizeram parte disso, não só a Maria Quitéria, que se fala muito, mas também Maria Felipa, Joana Angélica, Zumbi dos Palmares, que também fizeram parte dessa história. Todo o povo que com muito sangue, muito suor se entregou para que hoje estivéssemos liberto. Hoje existem outras amarras, liberdade é uma palavra muito subjetiva, ou utópica, mas que a gente nunca esqueça disso e leve essa história adiante para que nunca mais sejamos reféns. Relembrar a nossa resistência e sempre agradecer a quem se entregou para que hoje a gente estivesse aqui fazendo essa discussão”, destaca Júlia.

Todos os anos, milhares de baianos vão ás ruas para festejarem e demonstrarem seu orgulho. Com mais de 100 anos de composição, o hino da Bahia, escrito por Adroaldo Costa, retrata, então, a voz do povo baiano e o raiar da independência para toda nação:

“Nossa pátria, hoje livre, Dos tiranos, dos tiranos não será! Nunca mais, nunca mais o despotismo Regerá, regerá nossas ações! Com tiranos não combinam Brasileiros, brasileiros corações!”

Monumento à Maria Quitéria no Casarão Olhos D’Água. Foto: Thaciane Mendes

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