Miomas uterinos: especialista alerta sobre a doença muitas vezes assintomática
A maioria dos diagnósticos de miomas uterinos é realizada por meio de ultrassonografia.
Miomas uterinos são considerados os tumores femininos mais frequentes, com uma prevalência que pode chegar até 80% em determinadas populações. Esta alta prevalência é especialmente evidente no Brasil, e principalmente na Bahia, onde a origem genética e a predisposição étnica, especialmente entre mulheres negras, contribuem para sua ocorrência.
Embora não se saiba exatamente por que esses tumores surgem, a médica ginecologista, Márcia Suelly, explica que eles têm uma base genética e são influenciados pelo hormônio estrogênio.
“O estrogênio, presente em níveis elevados durante a ovulação, está associado ao aumento e à manifestação dos miomas. Mulheres que ovulam frequentemente ou que demoram para engravidar, consequentemente têm mais ciclos ovulatórios e maior produção de estrogênio, o que aumenta sua predisposição a desenvolver miomas. Por outro lado, a gravidez e a gestação têm um efeito protetor, pois reduzem os níveis de estrogênio. É importante ressaltar que os miomas são tumores benignos, originados das células musculares do útero, e apesar de sua alta prevalência, ainda há muito a ser compreendido sobre eles.” Explica.
De acordo com Dra. Márcia, miomas uterinos são frequentemente assintomáticos, o que significa que muitas mulheres podem tê-los sem sentir qualquer desconforto.
“Os miomas uterinos são frequentemente assintomáticos, ou seja, muitas mulheres podem tê-los sem sentir qualquer desconforto. Com o uso da ultrassonografia de rotina, muitas mulheres descobrem a presença de miomas durante seus exames anuais. No entanto, é possível que os miomas causem sintomas, sendo o mais comum associado aos miomas uterinos é o sangramento vaginal anormal, manifestando-se como menstruações intensas, outros sintomas que podem estar associados aos miomas incluem menstruações prolongadas, com duração superior a sete dias, e a presença de sangramento ao longo do mês. Além disso, os miomas podem causar dor devido à compressão de estruturas adjacentes, conforme crescem, podem exercer pressão sobre a bexiga e o reto, resultando em dor pélvica, dor ao defecar e dor ao urinar.”
A maioria dos diagnósticos de miomas uterinos é realizada por meio de ultrassonografia. Com os avanços tecnológicos, as ultrassonografias estão cada vez mais precisas, o que facilita a detecção até mesmo de miomas pequenos.
“A maioria dos diagnósticos de miomas uterinos é realizada por meio de ultrassonografia e com os avanços tecnológicos, as ultrassonografias estão cada vez mais precisas, o que facilita a detecção até mesmo de miomas pequenos. Além da ultrassonografia, outros métodos diagnósticos incluem a ressonância magnética para localizar miomas ou quando o sangramento uterino não é explicado pela ultrassonografia. Em alguns casos, miomas submucosos, que se desenvolvem dentro da cavidade uterina, podem ser visualizados com mais clareza por ressonância magnética. A histeroscopia também é uma opção de diagnóstico, permitindo a visualização direta de miomas pequenos dentro da cavidade uterina, que podem não ser detectados pela ultrassonografia.” Pontua a ginecologista.
Quando as pacientes recebem o diagnóstico de miomas uterinos, é comum que se sintam assustadas, pois muitas acreditam que a cirurgia é a única opção de tratamento. No entanto, Dra. Márcia ressalta que hoje em dia, uma variedade de tratamentos conservadores estão disponíveis.
“Quando as pacientes descobrem que têm miomas, é comum que fiquem assustadas, pois muitas acreditam que a única opção de tratamento é a cirurgia. No entanto, hoje em dia existem diversos tipos de tratamentos, muitos dos quais são conservadores e não envolvem procedimentos cirúrgicos. Em alguns casos, quando os miomas são pequenos e assintomáticos, não é necessário nenhum tratamento. Porém, para pacientes com sintomas como sangramento uterino intenso, pode-se indicar o uso do DIU Mirena, que é um tratamento hormonal que pode reduzir o tamanho dos miomas, o uso de anticoncepcionais também é comum, a embolização de miomas uterinos, realizada por um angiologista, que pode reduzir o tamanho dos miomas, permitindo que a paciente engravide, para mulheres que desejam ter filhos e têm miomas que interferem na gravidez, a miomectomia, que consiste na remoção dos miomas, também é uma opção. Por fim, quando os miomas causam sintomas graves e a paciente já teve filhos, pode ser indicada a histerectomia, que é a remoção total do útero. É importante ressaltar que os miomas não têm cura, mas podem ser controlados ao longo do tempo com diferentes tratamentos, sendo a histerectomia uma opção em casos específicos em que outras terapias não são eficazes ou apropriadas para a paciente.”
Com a influência genética tornando a prevenção de miomas uterinos muitas vezes desafiadora, a atenção aos disruptores endócrinos emerge como uma estratégia promissora.
“A prevenção de miomas uterinos não é sempre possível devido à influência genética, mas é importante lembrar sobre os chamados disruptores endócrinos que são encontrados em vários produtos alimentares e de cuidados pessoais, imitando hormônios como o estrogênio. Uma vez que os miomas uterinos são estimulados pelo estrogênio, evitar a exposição a esses disruptores endócrinos pode ajudar a prevenir o desenvolvimento ou crescimento dos miomas. Isso pode ser alcançado através de uma dieta saudável, livre de produtos químicos, e evitando produtos que contenham esses disruptores endócrinos, como protetor solar, hidratante, shampoo e desodorante. Além disso, é importante cuidar do peso corporal, pois o excesso de gordura pode levar ao aumento dos níveis de estrogênio, uma vez que o estrogênio é produzido nas células adiposas.”