Vereadores denunciam problemas na regulação de Jorge de Angélica; HGCA se pronuncia
Segundo vereadores Petrônio Lima e Lulinha da Conceição, o artista enfrentou dificuldade para conseguir atendimento. Em nota, o HGCA rebateu a informação.
Falecido na noite desta segunda-feira (30), o cantor Jorge de Angélica, um dos maiores nomes do reggae feirense e baiano, deixou saudades a todos os companheiros e fãs que admiravam seu trabalho. Jorge estava internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que fica ao lado do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA).
Segundo o vereador Petrônio Lima, o artista enfrentou dificuldades para conseguir atendimento no sistema de saúde. O vereador relata que no domingo (29) recebeu uma ligação de Jorge, pedindo ajuda para conseguir ser atendido.
“Tentamos o atendimento para ele na UPA do Clériston, mas lá fomos informados que não estava tendo atendimento clínico, só tinha ortopedista atendendo no momento. Aí saí com ele, fui até a UPA da Queimadinha e chegando lá tivemos o atendimento, só que quando ele foi atendido o médico me chamou, tanto eu como a sobrinha dele que estava acompanhando, e explicou que a situação não era muito boa e que a UPA não tinha suporte necessário”, relata o vereador em entrevista ao De Olho na Cidade.
O parlamentar conta que o médico da Queimadinha os orientou a procurarem atendimento no Clériston, pois o cantor já estava com dificuldade para respirar, mas, ainda assim, a unidade da Queimadinha providenciou o oxigênio. Contudo, também foi constatado alterações no abdómen do cantor, e a unidade não teria condições de coloca-lo no soro.
“Fui até o Clériston, chegando lá, na parte da emergência, conseguimos entrar, o pessoal até de início fez uma certa triagem com ele, mas não foi permitida a entrada, disse que como não tinha regulação não teria como atender. Mas ele, com toda dificuldade de respirar, a pessoa que atendeu viu que realmente o caso dele era grave. Voltei novamente na UPA do Clédiston e foi dado a entrada. Mas, o médico disse que o caso dele era um caso grave, de regulação, porque tinha que ir para um unidade de alta complexidade. E aí assim ficou, dependendo de uma regulação, quando foi possível conseguir, ontem, aí dependeu de uma ambulância para poder levar para Salvador, mas, infelizmente, ele já não resistiu e chegou ao óbito”, conta Petrônio.
Assim como Petrônio, o vereador Lulinha da Conceição também acompanhou a situação do cantor e tentou ajudar no atendimento. Ele salientou a necessidade de melhorias no sistema de regulação.
“Tomei uma suspresa quando Petrônio me ligou dizendo que Jorge tinha falecido sem conseguir a regulação, porque quando a ambulância chegou não deu mais tempo e ele veio a óbito. Ele tentou socorro por diversas pessoas, ligou para vários vereadores, ligaram também para o deputado Zé Neto, para o pessoal do estado, ele tinha uma aproximação também com o pessoal do PT, mas não conseguiu regular a tempo. Ele deveria ter sido atendido no Clériston quando ele chegou, o hospital deveria ter acolhido, levado para o UTI logo ou para a sala vermelha, para dar um suporte. Ele estava lutando pela vida, ele não queria morrer, e lutou até o último momento”, salienta Lulinha.
Em nota, a unidade hospitalar afirmou que o atendimento não foi recusado e todas as providências necessárias foram tomadas para acolher o artista. Confira:
“Diferentemente do que ocorre nas unidades municipais há meses, a UPA Estadual em Feira de Santana acolhe todos os pacientes, sem qualquer restrição. Desta forma, não procede a informação de que teria sido recusado atendimento a Jorge Rodrigues na unidade. Afirmamos que ele teve toda a assistência necessária, tendo atendimento imediato na UPA e sendo assegurado um leito em uma unidade de maior complexidade. Por um infortúnio, um mal estar súbito ocasionou o falecimento durante o processo de transferência. Destacamos que não havia nenhuma restrição de atendimento na UPA e que a equipe de assistência estava completa no momento em que o paciente deu entrada no serviço”.
Vereadores lamentam falecimento do artista
Natural de Feira de Santana, do bairro Rua Nova, onde mantinha o projeto social Mão Angelical, Jorge possuía mais de 40 anos de carreira, e foi o principal fundador do Afoxé Pomba de Malê. Ele já se apresentou diversas vezes na Micareta da cidade e no Carnaval de Salvador.
O vereador Correia Zezito relata que era amigo de infância de Jorge e que o artista vai fazer falta para todos.
“A cultura de Feira e da Bahia está de luto, Jorge foi um maestro, e é lamentável o perdermos. Ele pediu socorro, clamou por socorro, mas não foi dado. Uma pessoa que sempre foi da esquerda, mas sempre nos respeitamos e nos consideramos, ele pediu o apoio à esquerda, no leito da morte não foi acamado”, afirma o vereador em entrevista ao De Olho na Cidade.
*com informações do repórter Robson Nascimento