Feira de Santana

Mães relatam como exerceram seu protagonismo sem deixar de lado a maternidade

Mulheres que saem de casa para trabalhar e estudar estão contribuindo para a construção de um mundo melhor

19/03/2023 16h23
Mães relatam como exerceram seu protagonismo sem deixar de lado a maternidade
Foto: De Olho na Cidade

ESPECIAL MARÇO MULHER

Cada vez mais mulheres alcançam espaços de destaque e se tornam protagonistas da sua vida. No entanto, os cuidados com a maternidade e afazeres domésticos, que frequentemente são obrigações atribuídas somente ao público feminino, podem tornar esse protagonismo uma sobrecarga.

“Viemos de uma era bastante patriarcal, onde o homem podia sair de casa para trabalhar e a mulher precisava tomar conta dos filhos e da casa. Foi um tempo difícil e que ainda está instalado na nossa sociedade, ainda temos colegas que dizem ‘não posso trabalhar fora porque meu marido não deixa, ele me poupa’, o que significa que essa mulher não tem noção que o mundo mudou. A mulher precisa reconhecer que o seu lugar também está contribuindo com a sociedade”, diz Tecla Mello em entrevista ao De Olho na Cidade.

Segundo Tecla Mello, a mulher que sai de casa não se omite dos cuidados maternais, pelo contrário, ela contribui com a sociedade em prol de um mundo melhor para sua família. 

Desde criança Tecla Mello já sabia qual carreira iria seguir, pois gostava de brincar de professora com suas bonecas. Agora ela é mestre em educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) atuou como professora por 25 anos em colégios estaduais e em seguida lecionou ‘Psicologia da Educação’ na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Conciliar a vida profissional com a maternidade sempre foi um desafio na sua carreira.

“Estou com 86 anos, e na minha época era muito mais difícil sair de casa, porque as próprias mulheres criticavam umas às outras. Ainda assim, eu comecei a sair de casa,e não tive nenhuma preocupação por está ‘desobedecendo um ritmo da sociedade’, eu realmente investi, me preparei e fui à luta. E eu trabalhei muito! Assim como o homem vai à luta e contribui com o mundo, a mulher também precisa”, pontua.

Ocupando papel de mãe, avó e bisavó, a professora também relata que as restrições ao público femino também se diziam respeito às vestimentas. As mulheres que usavam calças eram criticadas, pois o modelo esperado eram roupas compridas e largas que não mostrassem a pele, sempre projetando a imagem feminina de forma recatada.

Agora, segundo Tecla Mello, o desafio é conciliar a vida de trabalho com as demandas familiares: “É importante saber equilibrar e dividir as coisas com muito cuidado. Então, é uma responsabilidade maior que a mulher precisar arcar, precisa de muito planejamento. A mulher já está em um patamar melhor que o de antigamente, mas ainda tem muito sofrimento, o machismo ainda é muito grande, e nem sempre as mulheres sabem reconhecer seu lugar”.

A filha de Tecla, Dra. Susana Mello, contou que admira as vivências de sua mãe.

“Fico tentando imaginar o que minha mãe passou naquela época, nos dias atuais ficamos sem acreditar que a mulher não podia usar uma calça ou trabalhar, só podia ficar em casa esperando o marido chegar, sendo os afazeres de casa sequer eram considerados trabalho. Então, acredito que deve ter sido muito difícil, mas foi com essa vivência que minha mãe passou ensinamentos para mim e para minha irmã. Vivemos em um lar que sempre nos ensinava que o trabalho é digno e a mulher precisa fazer parte do mercado, sempre buscando seu espaço”, destaca a dentista, que também é mãe e avó.

Formada em odontologia pela Universidade Estadual de Feira de Santana, Susana Mello é odontóloga e, assim como sua mãe, brincava de dentista com suas bonecas e sempre soube qual carreira iria seguir, ao qual sempre foi incentivada e contou com o apoio da sua mãe e também seu pai, Josué Mello.

“Me descobri dentista aos 14 anos e não me vi mais em nenhuma profissão, e ainda tinha uma ressalva, eu queria fazer odonto na UEFS, porque amo minha Feira. Estou altamente realizada com isso, e isso foi fruto dos ensinamentos dos meus pais, e eu só tenho motivo para agradecer”, relata Susana, que acrescenta que já foi incentivada a ser professora, mas sua vocação para Odontologia sempre foi certa.

De acordo com dados da Women in Business 2022, da Grant Thornton, 38% dos cargos de liderança no Brasil são ocupados por mulheres. Cada vez mais o público está se engajando e trabalhando para proporcionar um mundo melhor.

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