Cresce número de cirurgias robóticas de câncer de próstata pós pandemia
O aumento no número destas cirurgias robóticas se deu entre 2021 e 2022
O câncer é um problema de saúde pública mundial e, na última década, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), foi registrado um aumento de 20% no número de casos. São esperados 704 mil casos novos de câncer para o triênio 2023-2025. Excetuando o câncer de pele não melanoma, ocorrerão 483 mil casos novos. O câncer de mama feminina e o de próstata foram os mais incidentes com 73 mil e 71 mil casos novos, respectivamente. Segundo o urologista Eduardo Cerqueira, até setembro do ano passado, pouco mais da metade dos casos de câncer de próstata ficou subdetectado, ou seja, deixou de ser identificado pelo fato de muitos pacientes, durante a pandemia, ter deixado de realizar os exames preventivos de maneira ou com a frequência correta. O resultado foi um aumento considerável de casos de câncer de próstata em estágio já avançado. A boa notícia são os tratamentos minimamente invasivos, como as cirurgias robóticas, que também seguem aumentando em quantidade e êxito a cada paciente a elas submetidas.
Como lembra o urologista Eduardo Cerqueira, o câncer sempre é uma doença muito agressiva e, até bem pouco tempo atrás, o tratamento dessa enfermidade também seguia esse caminho: grandes cirurgias que levavam quase sempre a perdas importantes, de lesões nervosas, dores crônicas pós-cirúrgicas e a grandes hérnias. “Tudo isso resultados desse tratamento”, frisa o especialista. Nos últimos anos, porém, e mais acentuadamente nesse período pós pandemia, os pacientes a comunidade médica e os pacientes vítimas de câncer ganharam um importante aliado: são as cirurgias minimamente invasivas como a laparoscópica e a robótica, esta última como sendo a mais procurada em casos como câncer de rim, bexiga, tumores de adrenal e o próprio câncer de próstata.
O aumento no número destas cirurgias robóticas se deu entre 2021 e 2022. “A gente atribui esse crescimento à questão da pandemia da Covid 19. Nesse período, as pessoas ficaram muito afastadas dos consultórios e não realizaram ou realizaram de forma incorreta ou pouco frequente suas consultas e exames preventivos”, salientou o urologista. O resultado foi, ao término da pandemia, um número grande de casos de câncer de próstata já em estágio bastante avançado e, portanto, com necessidade de cirurgia.
Os benefícios das cirurgias minimamente invasivas como a robótica são: a rápida recuperação devido ao mínimo truma cirúrgico, além de redução do sangramento, menor possibilidade de surgimento de hérnias, de dores crônicas, e baixíssima necessidade de transfusão. “Quando falamos em próstata, então, temos uma melhora bem importante na questão da continência urinária porque você tem uma técnica operatória por meio da qual se consegue fazer uma preservação muito melhor da inervação do paciente o que melhora também a recuperação sexual, pois conseguimos fazer uma preservação nervosa de forma a aumentar a chance desse paciente voltar a manter uma boa atividade sexual após o tratamento”, ressaltou o especialista.
Atualmente as cirurgias minimamente invasivas são uma realidade no SUS e estão em expansão no sistema, mas ainda carecem de muitos investimentos para conseguir atender de forma satisfatória a atual demanda.