Vandalismo em Brasília: especialistas discutem reflexos da ação
Especialistas comentam consequências dos atos antidemocráticos
Na tarde de domingo (8), milhares de bolsonaristas invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e a sede do STF, onde quebraram diversos objetos presentes nos locais. Mais de 200 participantes foram identificados e presos, e diversas discussões acerca da democracia foram levantadas ao redor do país.
Durante roda de conversa conduzida por Jorge Biancchi no Jornal do Meio Dia (Princesa FM – 96.9), o advogado Dr. Hércules Oliveira, explicou que a constituição brasileira de 1988 diz que a República Federativa do Brasil se constitui em um Estado democrático de direito, o que pressupõe que o poder emana do povo e deve ser exercido pelo próprio povo — de forma direta, ou através dos representantes eleitos.
“Sendo assim, o respeito à norma constitucional deve prevalecer, tanto que o próprio Artigo 5º traz como crime inafiançável e imprescritível quando vai de encontro a essa ordem. É permitido se reunir no país, desde que sem armas e de forma pacífica. O que nós vimos ontem é algo terrível, e que não deve ser aceitado. A democracia foi caríssima para ser reconquistada, custou o sangue de muitos brasileiros. E quando se ver, principalmente, aqueles que são eleitos indo de encontro a essa ordem, o Estado democrático deve, dentro dos limites da lei, fazer cumprir a norma”, diz o advogado.
Ainda no domingo (8), o Ministro do STF, após provocação da AGU e parecer do Ministério Público Federal, aplicou o afastamento do governador de Brasília (DF). De acordo o tenente coronel Amon Pereira, especialista em gestão de segurança, houve uma falha por parte dos profissionais de segurança.
“Percebo que os homens que estavam garantindo a defesa do Estado, estão com um momento de simpatia. Vemos que no início do movimento a corporação vem conduzindo de forma a concordar com o que se almejava. E eles estavam ali para contemporizar, não deixar chegar aonde chegou. Os responsáveis precisam ser penalizados de forma exemplar”, pontuou o tenente.
Durante o ato, os manifestantes destruíram e degradaram diversos objetos valiosos, como a obra Di Cavalcanti, principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto, avaliada em R$ 8 milhões. O prejuízo total ainda não foi revelado.
Segundo o economista Antônio Roservaldo Costa, o mercado financeiro continuou operando de forma tranquila, mesmo com a alta do dólar e queda na Bolsa de Valores, porque houve um controle imediato da situação.
“O mercado financeiro depende fundamentalmente da segurança jurídica, da captação de investimentos e ninguém vai querer investir em um país que o governo não tem o controle social dos seus habitantes. Mas como houve um controle muito rápido, o Estado reagiu muito forte nesta manhã, tudo se tranquilizou”.
Apesar disso, o economista alerta que se os responsáveis por financiar os atos não forem penalizados, a economia do país terá consequências: “O Brasil não está isolado do mundo, a economia é globalizada. Se não punirem os financiadores deste ato, a economia pagará um preço, podemos ter dólar alto, Bolsa caindo, com pouco investidores na nação”.