Roda de conversa discute processo de adoção e suas particularidades
Entre janeiro e julho de 2021, cerca de 1.656 jovens foram adotados no Brasil. A adoção é um ato de amor, mas que pode trazer alguns desafios como a parte da adaptação por exemplo. O assunto foi discutido durante roda de conversa, apresentada por Jorge Biancchi no programa De Olho da Cidade na Rádio Sociedade […]
Entre janeiro e julho de 2021, cerca de 1.656 jovens foram adotados no Brasil. A adoção é um ato de amor, mas que pode trazer alguns desafios como a parte da adaptação por exemplo.
O assunto foi discutido durante roda de conversa, apresentada por Jorge Biancchi no programa De Olho da Cidade na Rádio Sociedade News FM.
Segundo a psicóloga Amanda Brito, é importante procurar um atendimento psicológico antes mesmo de entrar com o processo de adoção, para que seja entendido as motivações por traz desse desejo de adotar. Além de preparar o emocional para as responsabilidades e processos burocráticos.
“Quando o processo burocrático é longo, é natural que a mãe se sinta ansiosa e estressada. Mas, mesmo quando o processo se concretiza, de repente por haver um medo, pois antes o filho era idealizado, agora ele é real”.
A profissional explica que o cérebro possui um processo de adaptação e com o passar do tempo a mulher, sentirá como se estivesse acabado de dar a luz. Isso acontece devido a estimulação de hormônios como a oxitocina, o “hormônio do amor”.
“Alguns especialistas defendem que a criança deve saber que foi adotada, mas eu acredito que isso depende da construção familiar. O que realmente importa é que a criança sempre se sinta parte da família e todas suas necessidades sejam supridas”.
Ela explica que bebês já possuem uma pré-programação para criar vínculos, mas que o primeiro abandono pode atrapalhar a relação de apego. “Brincamos que quando nasce um filho, também nasce um pai e uma mãe. Mas no processo de adoção, talvez esses pais já venham prontos por conta desse desejo”.
Para garantir que fortalecimento desse vínculo seja mantido, uma orientação psicológica faz parte do processo.
Mãe de uma filha adotiva, a professora Ana Clara, conta que e ela e seu marido tomaram a decisão a partir do momento que perceberam que não poderiam ter filhos de forma tradicional.
“Escolhemos amar, em momento nenhum escolhemos características. Geramos nossa filha no coração”, ela conta.
Todo o processo foi feito em silêncio, apenas ela e o marido sabiam, sendo uma surpresa para o restante da família. A filha do casal é a Manuela, que diz amar seus pais e se sente grata pelo carinho que recebe.
Segundo a advogada e presidente da Comissão em Defesa dos Direitos das Mulheres da OAB-Feira, Esmeralda Halana, para garantir que tudo seja feito de forma responsável, o contato com psicólogo e assistentes sociais é essencial.
A respeito da fila de adoção, a advogada explica que é contraditória, pois a quantidade de pais disponíveis é suficiente, mas ainda assim a fila de crianças é longa e lenta.
Um dos fatores que contribuem com a lentidão é o processo de requerimento, pois há uma maior demanda por meninas brancas menores de 12 anos, contudo, são crianças negras que estão em maior número.
Por conta disso, a defensoria pública do estado da Bahia, junto a doRio de Janeiro, protocolaram uma ação do CNJ para retirar certas características da ficha para permitir o andamento da fila de adoção.
“Entende-se que o amor independe de qualquer outra característica”, pontua Esmeralda