Morte súbita pode ser evitada em 60% dos casos, alerta cardiologista
A morte súbita é caracterizada por ocorrer até uma hora após o início dos sintomas, muitas vezes em pessoas sem diagnóstico prévio de doença cardíaca.
O cardiologista Dr. Israel Reis foi o convidado do Momento IDM Cardio, na Princesa FM, para falar sobre um tema que, segundo ele, “é sempre atual e causa grande comoção”: a morte súbita, especialmente entre jovens aparentemente saudáveis.
“Toda semana a gente ouve uma notícia de alguém jovem que caiu em campo, morreu numa academia ou subitamente em casa. Quase sempre dizem: ‘era saudável, não sentia nada’. Mas cerca de 60% dessas pessoas apresentaram algum sintoma antes, que foi ignorado, como uma dor no peito, uma falta de ar, palpitação ou desmaio”, explicou o médico.
O Dr. Israel destacou que a morte súbita é caracterizada por ocorrer até uma hora após o início dos sintomas, muitas vezes em pessoas sem diagnóstico prévio de doença cardíaca. Em jovens de até 35 anos, a principal causa é a cardiomiopatia hipertrófica, doença genética que afeta o músculo do coração. Já entre os mais velhos, o infarto continua sendo o principal vilão, associado a fatores de risco como tabagismo, hipertensão, obesidade e diabetes.
“Apesar de parecer um evento imprevisível, grande parte dessas mortes pode ser prevenida com informação e check-ups regulares. Um simples eletrocardiograma de R$ 20 pode identificar alterações perigosas. Às vezes, colocar o estetoscópio já é suficiente para perceber um ritmo anormal”, afirmou.
O médico também chamou atenção para a importância de equipar academias, clubes e locais de grande circulação com desfibriladores automáticos, que podem salvar vidas em casos de parada cardiorrespiratória.
“O uso do desfibrilador nos primeiros três minutos após a parada aumenta drasticamente as chances de sobrevivência. É um aparelho que custa em torno de R$ 10 mil, mais barato do que muitos equipamentos de academia, e pode significar a diferença entre a vida e a morte”, ressaltou.
Além disso, ele defendeu que instrutores e frequentadores sejam treinados para identificar uma parada e agir rapidamente, inclusive com cursos de reanimação desde a infância.
Outro ponto de preocupação levantado pelo cardiologista é o uso crescente de anabolizantes, especialmente entre jovens.
“Nós temos visto um aumento de mortes nessa faixa etária. Embora ainda faltem dados concretos, o uso abusivo de anabolizantes está associado a maior risco de formação de coágulos, trombose e infarto. É um problema silencioso e crescente”, alertou.
Segundo ele, além dos efeitos no sangue e no coração, o uso indevido dessas substâncias pode elevar o colesterol, a pressão arterial e provocar arritmias graves.
Dr. Israel observou que doenças como hipertensão e diabetes estão surgindo cada vez mais cedo, resultado de maus hábitos alimentares, sedentarismo e estresse.
“O que antes aparecia aos 50 ou 60 anos, hoje estamos vendo em pessoas de 25, 30 anos. Hábitos ruins, noites mal dormidas e a busca por resultados rápidos têm gerado uma geração de jovens com doenças de adultos”, afirmou.
Ele destacou ainda que muitos pacientes realizam exames, mas não seguem as orientações médicas.
“Fazem o check-up, mas continuam fumando, não tomam o remédio, mantêm os mesmos hábitos. Exame normal não é garantia de saúde se o comportamento continua errado.”
O médico reforçou que é preciso criar uma cultura de prevenção e reanimação no Brasil, com mais educação em saúde e acesso a equipamentos de emergência.
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