Feira de Santana: a história antes do arraial
A história foi explicada com mais detalhes pelo professor e escritor Jaime Magalhães na estreia do projeto Feira de Santana e sua História no programa Cidade em Pauta da Rádio Nordeste FM
As origens do atual Município de Feira de Santana remontam ao século XVII, período inicial do povoamento de sua região através, principalmente, da criação de gado e instalação de currais. Esse povoamento foi surgindo com a doação de terras pelos reis portugueses a alguns súditos. Em Feira, a Família Peixoto Viegas foi detentora das terras às quais teve início o Município, chamadas Jacuípe, Água Fria e Itapororocas.
A história foi explicada com mais detalhes pelo professor e escritor Jaime Magalhães na estreia do projeto Feira de Santana e sua História no programa Cidade em Pauta da Rádio Nordeste FM.
“Essa região de Feira de Santana nasce muito mais por conta de uma sesmaria que a Companhia de Jesus recebeu do Coronel Manuel de Araújo de Aragão, então essa sesmaria abarcava as duas margens do Paraguaçu e já antes de receber essas doações eles começaram a construir templos, o primeiro deles seria a capela do Muchila, posteriormente a capela de Santa Luzia e mais tarde foi criada a igreja dos remédios, essa diferente das demais já nasceu igreja. Mais a frente nós temos desdobramentos disso porque se tem um embate entre o governo geral e a Companhia de Jesus e isso causa reações como o confisco da capela do Muchila e sua transformação no Esquadrão de Cavalaria de Milícias de São José das Itapororocas que estava localizado onde hoje é o Casarão dos Olhos D’Água, posteriormente houve outras campanhas feitas pelo governo geral e a partir de 1723 quando uma seca assolou toda a colônia houve uma concentração maior de retirantes para área onde está assentado Feira de Santana e já havia nesse período o Arraial Feira dos Remédios que se concentrou onde está a Igreja Nossa Senhora dos Remédios e a partir daí o desdobramento foi justamente a ruína do arraial que aconteceu em 1726.” Conta o professor.
Essa vocação para sediar núcleos de criação e engorda de gado resultou, entre os séculos XVII e XVIII, numa crescente afluência de pessoas que periodicamente vinham para essas terras, favorecendo a implantação de um pequeno arraial.
“É interessante que a gente estabeleça esse debate a respeito de Feira de Santana porque tem muita coisa a ser estudado sobre Feira e a gente muitas vezes fica repetindo aquilo que está posto pela história tradicional e que muitas vezes não tem nada a ver com a nossa história.”
O professor ressaltou também o papel da igreja com os jesuítas para a formação da cidade.
“Os jesuítas que catequizavam os povos Payayá quando algumas dessas campanhas foram feitas e certamente por possuir essa área imensa que era sesmaria do Seminário de Belém de Cachoeira ajudava de alguma forma os povos nativos a serem catequizados e isso cativava todos eles e era uma das formas de convencer o cristianismo dentro dessas tribos.”
O Brasil é um país que passou por uma grande miscigenação e em Feira de Santana não foi diferente, ela começou antes mesmo da chegada de outros povos na região.
“Quando começa a colonização dessa área sertaneja tem-se os povos Payayás que já tinham o hábito de de miscigenar com outras etnias daqui do Brasil mesmo porque eles se apossavam das mulheres de outras tribos em tempos de guerra, então isso vai ter uma continuidade e irá ter uma miscigenação muito grande aqui, como povos que vem de Portugal, do continente Africano e tem ainda os ciganos e os árabes.” explica o professor.