Professor revela como a geografia fez de Feira de Santana um polo de crescimento
A formação de Feira de Santana se relaciona ao ciclo do gado, principal atividade econômica que impulsionou a região.
A poucos dias de completar 192 anos de emancipação política, Feira de Santana reafirma sua singularidade no cenário baiano. Em entrevista ao programa De Olho na Cidade da Rádio Sociedade News, o professor e doutor em Geografia da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Kléber Araújo, destacou que a posição geográfica da cidade foi decisiva para seu crescimento e para a consolidação como região metropolitana.
“Feira é uma cidade plana, com abundância de lagoas e águas subterrâneas, que serviram de ponto de parada para o gado e as tropas que vinham do litoral em direção ao interior do Brasil. Isso criou um entreposto natural de comércio”, explicou o geógrafo. Segundo ele, a presença de “olhos d’água”, lagoas que abasteciam os viajantes, deu origem ao nome Santana dos Olhos d’Água, primeira denominação do município.
O professor lembrou que a formação de Feira de Santana se relaciona ao ciclo do gado, principal atividade econômica que impulsionou a região.
“O comércio da pecuária fez com que a cidade se tornasse estratégica, atraindo também as BRs 116 e 101, que hoje cortam nosso território”, observou. Ele acrescentou que a evolução de uma simples fazenda para vila, em 1832, e depois para cidade, em 1873, foi marcada por um crescimento constante: “Feira nunca parou de se expandir. Passamos da feira livre ao centro de abastecimento, sempre adaptando o comércio às novas demandas.”
Outro marco citado pelo professor foi a transformação em região metropolitana, em 6 de julho de 2011. “No Nordeste, apenas sete regiões metropolitanas não têm capitais como sede. Feira é a única exceção. Isso demonstra sua força econômica e localização estratégica”, pontuou.
Apesar do desenvolvimento, Kléber alertou para a perda acelerada do espaço rural. “Hoje, menos de 10% da população vive na zona rural. Somos filhos de uma feira livre que nasceu do campo, mas precisamos de políticas públicas para manter a agricultura camponesa viva. Desenvolvimento urbano não pode significar o desaparecimento do campo”, defendeu.
O professor destacou o potencial econômico e a capacidade de reinvenção da cidade: “Feira de Santana é única. Sua história prova que a geografia favoreceu cada etapa do crescimento. Mas é fundamental preservar o que resta da sua base rural, que é parte da nossa identidade.”