Política

Deputados do PL negam desvio de emendas em interrogatório no STF

Parlamentares são réus por corrupção passiva e organização criminosa em suposto esquema de emendas

28/08/2025 16h52
Deputados do PL negam desvio de emendas em interrogatório no STF
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Em interrogatório realizado nesta quinta-feira (28) no Supremo Tribunal Federal (STF), os deputados Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE) negaram envolvimento em um esquema de cobrança de propina sobre emendas parlamentares e afirmaram ser vítimas de acusações falsas baseadas em provas frágeis. Já o deputado Josimar Maranhãozinho (PL-MA), também réu e acusado de liderar o esquema, usou o direito constitucional ao silêncio e não respondeu às perguntas.

Segundo a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), os três teriam exigido R$ 1,66 milhão ao então prefeito de São José do Ribamar (MA) em troca de uma emenda de quase R$ 7 milhões para o município. Eles respondem por corrupção passiva e organização criminosa.

Pastor Gil disse que as acusações contra ele são “completamente falsas” e atribuídas ao uso indevido de seu nome em mensagens obtidas pela PF (Polícia Federal). O deputado contou que só conheceu Josimar Maranhãozinho depois de entrar no PL, quando passou a buscar orientação com o colega por falta de experiência parlamentar. “Eu o procurava das coisas mais simples às mais complexas, como convênios, emendas, ministérios”, declarou.

Ele negou, no entanto, ter recebido qualquer instrução de Josimar para destinar emendas a São José do Ribamar. Relatou ainda que se aproximou do prefeito da cidade em 2020 para tratar da construção de um prédio de igreja local e que destinou mais de R$ 1 milhão em emendas ao município como forma de retribuir a votação expressiva que recebeu. “Buscava também reconhecimento dos pastores locais”, acrescentou.

Pastor Gil confirmou ter recebido um empréstimo de R$ 200 mil de Josimar, mas disse que o valor foi apenas uma ajuda. Segundo ele, o dinheiro serviu para pagar um carro alugado que capotou, comprar outro veículo e adquirir um lote.

O deputado Bosco Costa também negou participação no esquema. “Nunca pedi um real de propina”, disse. Ele afirmou ainda: “Essa denúncia me deixou abalado. […] Em virtude de um empréstimo que não tem nada a ver com emenda, estou respondendo a isso aqui”. Bosco negou conhecer o prefeito Eudes Sampaio — autor da denúncia à PF em 2020 — ou o agiota Pacovan, apontado como intermediário do esquema.

Josimar Maranhãozinho, apontado pela PF como líder do grupo, declarou: “Farei uso do meu direito constitucional ao silêncio até que haja mais esclarecimento e a gente possa fazer um depoimento mais claro”.

Entenda

A investigação começou em 2020, quando o então prefeito de São José do Ribamar, Eudes Sampaio, relatou ter sido pressionado a pagar 25% do valor de emendas destinadas à saúde. Segundo a PF, a prática se repetiu por ao menos cinco anos, com prefeitos ameaçados de morte caso não aceitassem pagar propina.

Interceptações telefônicas flagraram conversas entre Pacovan e parlamentares, além de áudios sobre a divisão dos valores. Em um dos trechos mais graves, de acordo com a polícia, Pacovan teria dito que um prefeito poderia “pegar uma bala na cara”.

Em março deste ano, a Primeira Turma do STF aceitou por unanimidade a denúncia da PGR e transformou os três deputados em réus.

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