Brasil

Nova proposta da CNH retira exigência de aulas práticas e prevê modelo flexível de formação

Governo aposta em prova mais rigorosa e pode reduzir os custos; autoescolas perdem exclusividade, mas continuam no sistema

26/08/2025 18h57
Nova proposta da CNH retira exigência de aulas práticas e prevê modelo flexível de formação
Foto: Divulgação/Detran-BA

O governo federal pretende promover a maior mudança no acesso à Carteira Nacional de Habilitação (CNH) desde a criação do atual modelo. A proposta, que deve entrar em consulta pública nos próximos dias, elimina a exigência de aulas práticas mínimas e transfere para o exame prático a função de filtro mais rigoroso para avaliar os candidatos.

Segundo a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), a meta é incluir até 20 milhões de pessoas que hoje dirigem ou pilotam veículos sem habilitação no Brasil, sobretudo motociclistas. “O que existe hoje é uma barreira de entrada que empurra essas pessoas para a informalidade. A ideia é dar acesso e cobrar desempenho na prova”, disse o secretário nacional de trânsito, Adrualdo Catão, ao UOL.

Atualmente, o custo para tirar a CNH gira entre R$ 3.000 e R$ 4.000, considerando aulas obrigatórias, taxas e exames médicos. Pelo novo modelo, o valor cairia para algo entre R$ 750 e R$ 1.000, já que as autoescolas deixariam de ser etapa obrigatória.

O curso teórico seguirá obrigatório, mas será oferecido de graça pelo governo em plataforma de ensino à distância (EAD). Também poderá ser feito em escolas públicas ou, para quem preferir, em autoescolas. Já a parte prática ficará a critério do candidato: ele poderá contratar aulas com instrutores independentes ou simplesmente se apresentar para a prova.

A prova, por sua vez, deve ganhar mais exigência técnica e passar a ser realizada em vias públicas, com sistema de pontuação gradual em vez de faltas eliminatórias. O candidato poderá escolher se fará o exame em carro manual ou automático.

O governo afirma que as autoescolas continuarão existindo, mas em um papel diferente. O instrutor poderá atuar de forma independente, desde que seja credenciado e use veículo identificado. A mudança, segundo Catão, quebra a “reserva de mercado” que obriga instrutores a estarem vinculados a empresas.

As autoescolas, por sua vez, ganhariam flexibilidade: poderão oferecer pacotes menores, usar carros automáticos e reduzir custos de estrutura. Para a Federação Nacional das Autoescolas (Feneauto), no entanto, o anúncio já derrubou a procura por novos alunos, e o setor articula reação no Congresso.

A minuta será submetida a consulta pública por 30 dias e depois votada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Como envolve apenas resoluções, não precisa passar pelo Congresso.

Comentários

Leia também

Brasil
Novo programa de fornecimento gratuito de gás alcança 15,5 milhões de famílias brasileiras

Novo programa de fornecimento gratuito de gás alcança 15,5 milhões de famílias brasileiras

O programa foi lançado com a assinatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Medida...
Brasil
Governo autoriza nomeação de aprovados na primeira edição do CNU

Governo autoriza nomeação de aprovados na primeira edição do CNU

As nomeações dependem da existência de vagas na data da posse e da comprovação de...
Brasil
Sicredi alcança marco de 3 mil agências em todo o Brasil

Sicredi alcança marco de 3 mil agências em todo o Brasil

Instituição financeira cooperativa amplia presença em diversas regiões e projeta encerrar...