Cardiologista alerta para os riscos da “performance sem limites”: “O campeão é quem consegue correr a vida inteira”
O cardiologista Dr. Israel Reis fez um alerta sobre os riscos de ultrapassar os limites do corpo em nome do ego e da busca por reconhecimento.
O avanço das redes sociais e a cultura da superação têm incentivado práticas perigosas entre atletas amadores e até profissionais. Em entrevista ao Momento IDM Cardio, o cardiologista Dr. Israel Reis fez um alerta sobre os riscos de ultrapassar os limites do corpo em nome do ego e da busca por reconhecimento.
Segundo o médico, situações em que corredores chegam exaustos, desmaiando ou sendo carregados até a linha de chegada, muitas vezes aplaudidas como heroísmo, na verdade escondem graves riscos à saúde.
“A pergunta é: quem aguenta mais, o corpo ou o ego? A resposta é que o ego sempre aguenta mais, porque o corpo tem limites objetivos. O ego, por outro lado, grita: você pode mais, precisa mostrar para os outros que consegue. É aí que mora o perigo”, destacou Dr. Israel.
Ele explicou que sintomas como fadiga intensa, tontura, palpitações e falta de ar desproporcional são sinais de alerta que não podem ser ignorados.
“Treinar gripado, com diarreia, de ressaca ou sem dormir é extremamente arriscado. Isso pode levar a arritmias, desmaios, lesões graves e até à morte súbita”, reforçou.
O cardiologista comentou ainda o caso recente do cantor Bell Marques, que passou mal durante um evento esportivo em Fortaleza.
“Quando um ídolo nacional aparece quase desmaiando numa prova, isso preocupa, porque muita gente tenta imitar. Mas ninguém pode afirmar se ali não poderia estar acontecendo um infarto. Nessas situações, o correto é parar imediatamente e acionar a equipe médica, nunca insistir em continuar”, alertou.
Dr. Israel destacou que a verdadeira vitória está em preservar a saúde e garantir longevidade na prática esportiva.
“O campeão não é quem chega arrastado ou desmaiando. O verdadeiro campeão é aquele que respeita seus limites e vai conseguir correr a vida inteira”, afirmou.
O especialista ressaltou que o ego, quando bem dosado, pode ser um combustível positivo para incentivar a prática esportiva, mas, em excesso, torna-se um veneno.
“O ego pode motivar a sair da zona de conforto. Mas quando ele faz a pessoa treinar lesionada, gripada ou exausta, deixa de ser combustível e vira risco. É preciso equilíbrio, bom senso e respeito ao corpo”, explicou.
Para quem está começando nas atividades físicas, o médico orienta progressividade e acompanhamento adequado.
“Seja corrida, musculação ou outro esporte, é preciso respeitar a progressão. O corpo precisa de tempo para construir musculatura e condicionamento. Quem tem mais de 40 anos, por exemplo, não pode abrir mão da musculação, que garante qualidade de vida futura”, aconselhou.
Dr. Israel também reforçou a importância da avaliação médica, especialmente para quem tem fatores de risco ou pratica atividades de alta intensidade.
“Nem sempre é preciso começar pelo cardiologista. Pode ser o médico de confiança. Mas quem compete, treina em alta intensidade ou tem histórico de problemas cardíacos deve passar por avaliação cardiológica. Um simples eletro pode salvar vidas”, completou.
Ao encerrar, o cardiologista deixou uma reflexão: “O esporte deve ser para a vida inteira. Não faz sentido colocar a saúde em risco por causa de uma prova. O equilíbrio entre corpo e ego é o segredo para manter a performance sem limites, mas sempre com responsabilidade.”