Profissionais impactados pela IA: especialista alerta que adaptação é chave para não perder espaço no mercado
Diretor de tecnologia da Bold Solution, Matheus Sales, comenta estudo da Microsoft e aponta caminhos para trabalhadores se manterem relevantes
A inteligência artificial (IA) já está moldando o mercado de trabalho de forma acelerada. Um estudo recente da Microsoft, intitulado “Working with AI: Measuring the Occupational Implications of Generative AI”, aponta que profissões ligadas à linguagem, produção de conteúdo e tarefas repetitivas são as mais suscetíveis à automação.
Entre as carreiras mais expostas estão intérpretes, tradutores, redatores, jornalistas, revisores, atendentes de suporte ao cliente e cientistas de dados. Por outro lado, áreas que exigem habilidades manuais ou conhecimentos específicos, como saúde, educação e construção civil, tendem a ser menos impactadas.
Para compreender melhor esse cenário e como os profissionais podem se preparar, o Jornal do Meio Dia, na rádio Princesa FM (96.9), conversou com Matheus Sales, diretor de tecnologia da Bold Solution. Ele afirma que a resposta está em abraçar a tecnologia, não em evitá-la: “A inteligência artificial vem para nos potencializar. Cerca de 90% do que a gente já sabe, ela pode substituir, mas os 10% que representam o nosso diferencial podem ser multiplicados milhares de vezes. É preciso usar a IA como aliada para ganhar produtividade”, disse.
O diretor avalia que uma transformação profunda já está em curso. “Vamos ter uma revolução. Vários setores vão deixar de existir e outros serão criados. No passado, fui atendente de suporte técnico e cheguei a fazer 1.200 atendimentos em um único dia, era desgastante. Hoje, uma máquina pode fazer isso instantaneamente, liberando nosso tempo para tarefas mais estratégicas”, contou.
Para ele, as empresas precisam agir desde já. “Estamos falando de ferramentas como ChatGPT e Gemini, do Google. É só acessar e começar a fazer perguntas sobre problemas do dia a dia, seja no trabalho ou na vida pessoal. A partir desse uso, surgem oportunidades de inovação”, destacou.
Matheus reforça que a curiosidade e a capacidade de fazer acontecer são diferenciais na era da inteligência artificial. “Eu sou formado em farmácia, mas atuo como diretor de tecnologia. A IA me permite criar soluções mesmo sem ter todo o repertório técnico. Eu sei o que quero construir e uso a tecnologia para chegar lá”, afirmou.
Ele reforça que, assim como o carro substituiu carruagens e criou novas profissões no passado, a inteligência artificial tende a transformar o mercado, eliminando funções, mas também gerando oportunidades inéditas. “O segredo é não ter medo e aprender a usar a tecnologia a nosso favor”, concluiu.