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Menos telas, mais afeto: Roda de conversa debate paternidade na era digital

Diálogo, limites e participação: o tripé da paternidade digital

10/08/2025 11h58
Menos telas, mais afeto: Roda de conversa debate paternidade na era digital

Em um bate-papo repleto de experiências pessoais e reflexões, o neurocientista Kleber Fialho, o psicólogo Walmir Mota e o representante e pai de três meninas Ivanilson Amorim discutiram como ser pai na era digital exige muito mais do que presença física: é preciso presença emocional, atenção de qualidade e participação ativa no mundo dos filhos.

A roda de conversa aconteceu no Jornal do Meio Dia (rádio Princesa FM 96.9), em celebração ao dia dos pais. O neurocientista Kleber destacou que momentos simples entre os filhos podem criar memórias afetivas duradouras.

“Cinco minutos dedicados de verdade a uma criança podem valer como um dia inteiro para ela. Quando meu filho Pedro me chamou para lavar o carro, uma atividade que fizemos só uma vez, aquilo marcou tanto que ele citou como seu momento favorito comigo”, contou.

O neurocientista ressaltou também que a tecnologia não precisa ser inimiga da paternidade, mas exige uso consciente.

“Não podemos impedir o uso das ferramentas digitais, mas devemos vigiar e direcionar para algo produtivo. O problema não é a tecnologia, e sim quando ela substitui a presença dos pais.”

Para Walmir Mota, um dos maiores desafios está no desequilíbrio de tempo gasto com telas.

“Hoje vemos crianças de 2 a 4 anos passando até três horas no celular e adolescentes chegando a nove horas diárias. Isso não aconteceu de um dia para o outro. Faltou diálogo e regras claras desde o início.”

O psicólogo defende estratégias criativas para substituir o excesso de telas, como resgatar o uso do áudio para estimular a imaginação.

“Meu filho adora ouvir historinhas antes de dormir. Isso me lembra a época da radionovela, que permitia criar imagens na mente e desenvolver o lado imaginário.”

Ivanilson Amorim reforçou que o exemplo dos pais é determinante.

“Não adianta proibir o celular na hora das refeições se o pai e a mãe continuam usando. É preciso coerência e participação. Quando me envolvo nas atividades das minhas filhas, até brincando de maquiar ou fazer penteados, estou fortalecendo o vínculo.”

O debate também trouxe alertas sobre a saúde física das crianças, já que o sedentarismo e o uso excessivo de telas afetam até mesmo habilidades motoras simples: “Hoje muitas crianças têm dificuldade em abrir embalagens, amarrar cadarços ou abotoar roupas porque não desenvolvem a motricidade fina”, observou Kleber.

Contribuindo para o debate, o radialista e apresentador Jorge Biancchi, destacou que simples momentos podem criar memórias inesquecíveis para os filhos. Biancchi é pai de dois filhos, e para ilustrar sua reflexão, ele compartilhou uma lembrança especial, refletindo que ser presente na vida familiar é mais importante que bens materiais:

“Em um trabalho que a escola fez, havia uma camisa para a gente desenhar um momento que nos marcou. Desenhávamos juntos, e meu filho, Marcus, escolheu desenhar uma caminhada que fizemos na praia, no fim de tarde, durante as férias na ilha de Itaparica. Caminhávamos contando piadas, ele pedia para eu carregá-lo, e assim íamos até chegar em casa. Ficou essa memória: o banho no mar, as brincadeiras, as risadas… Isso me ensinou que os presentes são importantes, mas o que realmente marca a vida dos nossos filhos é a nossa presença.”

Para os três, o caminho para uma paternidade mais presente na era digital passa por três pilares: diálogo constante, limites claros e participação real no dia a dia.

“A função de ser pai e mãe não acaba quando o filho cresce. É para a vida toda”, concluiu Ivanilson.

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