“Soberania brasileira não se toca”, diz Wagner sobre tensão com os EUA
Jaques Wagner revelou que estará nos Estados Unidos no fim de semana, junto a um grupo de senadores, para tentar reduzir as tensões.
Em visita a Feira de Santana nesta segunda-feira (21), o senador Jaques Wagner, líder do governo no Senado, abordou o atual momento conturbado nas relações internacionais e a situação política interna do país. Segundo ele, o mundo vive uma fase de instabilidade, com a extrema direita, tanto no Brasil quanto no exterior, se reorganizando de forma preocupante.
“É preciso reconhecer que a chamada extrema direita, tanto aqui representada pelo ex-presidente quanto em um mundo afora, tem tentado se reorganizar de uma forma muito perigosa. A extrema direita sempre flerta, namora com o autoritarismo”, afirmou Wagner.
Sobre a recente imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o senador explicou que, embora o direito americano seja legítimo, o Brasil não deseja essa retaliação e já buscou diálogo diplomático.
“Mandamos uma carta no dia 16 de maio para os americanos, pelo correspondente do vice-presidente Geraldo Alckmin, que cuida de indústria e comércio. Até agora não houve resposta. O presidente Lula enviou uma nova carta cobrando uma posição deles, que prometeram resposta para o dia 1º de agosto”, detalhou.
Wagner criticou o que chamou de “tarifaço americano”, que, segundo ele, não tem fundamento comercial, mas político.
“Eles não estão fazendo uma tarifa por conta da questão comercial, mas querendo interferir nas questões internas do país, fazendo críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), o que é inconcebível. Não vamos aceitar que qualquer país de fora diga como devemos nos comportar. A soberania brasileira não se toca.”
O senador também destacou que, comercialmente, o Brasil não tem superávit em relação aos Estados Unidos, ao contrário: “Nós perdemos no comércio com os americanos cerca de sete bilhões de dólares por ano. O normal é colocar tarifa quando o outro país vende mais para você do que você para ele, e não é o caso do Brasil.”
Sobre a agenda internacional, Jaques Wagner revelou que estará nos Estados Unidos no fim de semana, junto a um grupo de senadores, para tentar reduzir as tensões.
“Vamos encontrar um grupo de senadores americanos que se interessam pelas questões brasileiras e tentar conversar para diminuir os conflitos. Não temos interesse em guerrear. Temos relação com os Estados Unidos há 206 anos, sempre foram parceiros, independentemente dos governos.”
Relação com com Otto e PSD
Na política nacional, o senador comentou a relação com o senador Otto Alencar, do PSD, destacando que não há risco de rompimento político.
“Não tem chance de quebrar essa relação minha com Otto, PT com PSD. Nem com o coronel, a não ser que ele resolva tomar essa iniciativa, o que eu não acho que vai acontecer. Política se faz com diálogo e entendimento, e a gente vai se entender.”
Sobre as pré-candidaturas ao senado em 2026, Wagner avaliou que haverá um “bom problema” pela frente, com três fortes candidatos para duas vagas: “Rui, eu e Coronel. Vamos ter que ajeitar isso. Como dizia um amigo meu, a arte da política é não matar o boi e não deixar o freguês sem carne. Ninguém sabe como faz, mas é o desafio.”
*Com informações do repórter Robson Nascimento
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