Colégio Tecla Mello celebra 50 anos de transformação social e educacional em Feira de Santana
A cerimônia contou com a presença de fundadores, alunos, ex-alunos, professores, gestores e membros da comunidade
Comemorando meio século de compromisso com a educação, o Colégio Estadual Professora Tecla Mello celebrou nesta quinta-feira (18), uma data histórica: os 50 anos de fundação da escola, localizada no bairro SIM, em Feira de Santana. A cerimônia contou com a presença de fundadores, alunos, ex-alunos, professores, gestores e membros da comunidade, marcando um momento de profunda emoção e reconhecimento da trajetória da instituição.
Em entrevista concedida durante o evento, a professora Tecla Mello e professor Josué Mello, relembraram a origem do colégio e sua missão transformadora desde 1975.
“É uma emoção muito grande quando a gente lembra de toda a caminhada. A escola Tecla Mello começou com o SIM, com os migrantes que vinham do interior, com as mãos calejadas da enxada, sem saber ler ou escrever. Mas eles precisavam se alfabetizar para poder fazer cursos técnicos, e nós tivemos que desenvolver uma metodologia acelerada baseada em autores como Paulo Freire e Emília Ferreiro”, relatou a professora Tecla.
Segundo ela, a proposta pedagógica sempre foi baseada na valorização da experiência de vida dos estudantes. “A gente acreditava que, trazendo as experiências do aluno para a sala de aula, ele conseguiria enxergar o mundo de outra forma. Foi uma experiência gratificante e transformadora”, destacou.
A escola nasceu de um programa de alfabetização voltado aos migrantes, mas cresceu junto à comunidade.
“Menos de um mês era suficiente para alfabetizar um adulto. A experiência foi tão positiva que abrimos para a comunidade e logo depois a Secretaria Estadual de Educação integrou a escola à rede estadual. Em 2006, o prédio atual foi construído, e os próprios professores e funcionários pediram que a escola levasse o nome da professora Tecla Mello”, explicou professor Josué.
A professora Tecla falou sobre o envolvimento da escola com a comunidade. “Essa escola nunca trabalhou só com o estudante. A gente sempre chamou a família para dentro. Ensinávamos mais do que leitura e matemática, ensinávamos vida. Era uma escola viva, envolvida com a realidade do bairro, com a agricultura, com a saúde, com os problemas sociais”, lembrou.
O futuro do colégio também foi pauta do evento. Segundo os professores, o prédio atual será doado para a implantação de uma universidade federal em Feira de Santana.
“Entendemos que Feira precisa de uma universidade federal, e nosso apelo é que o governo do estado construa um novo prédio no bairro SIM para que a história, a pedagogia e a alma do Colégio Tecla Mello continuem vivas”, afirmou professor Josué Mello.
A diretora Débora Falcão reforçou o orgulho de estar à frente da escola em um momento tão simbólico.
“O coração está cheio de gratidão. São cinquenta anos de histórias, de vidas transformadas pela educação. Esta escola nasceu com a missão de educar com compromisso, respeito e esperança, e essa missão tem sido cumprida com dignidade. Passamos por muitas transformações sociais e estruturais, mas o amor pela educação sempre permaneceu inabalável”, disse.
Entre os estudantes presentes, Ana Clara, de 17 anos, representou a emoção da nova geração.
“É muito emocionante fazer parte dessa história, é uma instituição resistente, que faz o melhor com o que tem. Isso é uma grande lição. Eu sonho em ser jornalista e escritora, e aqui eu encontro todas as ferramentas para construir esse futuro”, declarou.
*Com informações da repórter Isabel Bomfim