Jerônimo critica tarifa de Trump e defende soberania do Brasil: “Não somos quintal dos EUA”
Ele alertou para os impactos diretos na economia da Bahia, especialmente no setor de exportação agrícola.
Durante agenda ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Juazeiro, nesta quinta-feira (17), o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, fez críticas às tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros, e alertou para os impactos diretos na economia da Bahia, especialmente no setor de exportação agrícola.
Jerônimo destacou a importância da soberania nacional nas relações internacionais e repudiou qualquer tentativa de imposição unilateral por parte de outras nações.
“Você imagina se um prefeito resolvesse mandar no município vizinho, ou um governo do estado tentasse mandar no outro? É isso que está acontecendo. Quando um país resolve mandar no outro, é uma violação de soberania em todos os aspectos”, afirmou o governador.
Ao citar a relação entre Brasil e Estados Unidos, ele foi direto: “O Brasil não é quintal dos Estados Unidos. Nós temos soberania. O presidente Lula já disse isso. Não vamos aceitar esse tipo de intervenção”.
Jerônimo classificou a medida como prejudicial ao setor produtivo baiano, especialmente aos pequenos e médios exportadores.
“Você imagina os empresários que exportam mangas, mel e outros produtos para os Estados Unidos, que construíram contratos baseados em regras estáveis, agora verem essas regras mudarem no meio do jogo. Isso paralisa os contêineres nos portos, atrasa a entrega, encarece o produto e ameaça empregos”, explicou.
O governador também fez questão de frisar o impacto social das tarifas: “O mel, por exemplo, é produzido em grande parte por agricultores familiares, e não por grandes produtores do agronegócio. São centenas de famílias que dependem dessa renda. Se os contratos forem desfeitos, essas pessoas perdem a principal fonte de sustento”.
Ele relatou que já iniciou articulações para tentar conter os prejuízos. “Na segunda-feira me reuni em Salvador com representantes do setor produtivo na Federação das Indústrias. Chamei o agronegócio, o comércio, a hotelaria, para entender o que cada setor tem enfrentado. Levei essas informações ao presidente Lula, e estamos agindo em conjunto”, disse.
Jerônimo elogiou a postura do governo federal diante do problema. “O Lula teve uma atitude muito firme, sem rancor, mas com reciprocidade. Se os Estados Unidos aplicarem uma tarifa, o Brasil também vai aplicar uma tarifa de 50%. Isso não é um tarifaço, é reciprocidade e o vice-presidente Geraldo Alckmin já foi designado para mediar essa situação. O Congresso brasileiro também vai se movimentar para conversar com o Congresso norte-americano. As tentativas são muitas. Eu torço para que a gente resolva”.
O governador ainda criticou declarações recentes em defesa das tarifas feitas por um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Ontem à noite vi uma entrevista com o filho do ex-presidente defendendo o tarifaço. Não entendi. Foram três minutos de fala e não consegui compreender qual a motivação para um brasileiro dizer que está certo penalizar o Brasil. Isso me parece um comportamento que vai contra o nosso povo e contra os empregos do nosso país. O Brasil não será terreiro dos norte-americanos. Nós somos patriotas e vamos defender nosso país e nossa economia com firmeza”, desabafou.
*Com informações do repórter André Silva