Vice-presidente do sindicato hoteleiro destaca inovação como chave para o setor em Feira de Santana
Vice-presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes de Feira de Santana, Marcelo Alexandrino afirma que o setor hoteleiro tradicional precisa se reinventar constantemente para competir com novas formas de hospedagem, como os imóveis ofertados por plataformas digitais.
Em entrevista ao quadro Hora do Empreendedorismo no programa Jornal do Meio Dia, o empresário e vice-presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes de Feira de Santana, Marcelo Alexandrino, refletiu sobre o futuro da hotelaria diante do avanço das plataformas digitais, como Airbnb, Booking e Expedia. Segundo ele, essas ferramentas já fazem parte da rotina do setor há muitos anos e, ao contrário do que muitos pensam, não representam necessariamente uma ameaça — desde que o setor tradicional saiba se adaptar.
“O nosso grupo foi um dos primeiros em Feira a se cadastrar no Booking, há cerca de 12, 13 anos. Hoje, quase todos os hotéis da cidade já utilizam essas plataformas. A novidade agora é o avanço das hospedagens de curto prazo, os chamados short stay, que diferem bastante da hotelaria tradicional”, explica Alexandrino.
Marcelo destacou as diferenças entre os modelos. “Na hotelaria tradicional, o cliente tem previsibilidade. Sabe que encontrará recepção 24 horas, padrão de quarto, limpeza diária e café da manhã. Já o short stay oferece apartamentos, muitas vezes residenciais, com menos serviços. A limpeza, por exemplo, é feita apenas ao final da estadia e não há café da manhã.”
Para ele, os dois modelos podem coexistir. “O importante é entender o perfil do cliente. A hotelaria tradicional continua muito forte no turismo de negócios, que é o principal perfil de Feira de Santana. Durante a semana, a cidade tem alta demanda. Nos fins de semana, a ocupação naturalmente cai.”
Alexandrino estima que Feira de Santana tenha cerca de 5 mil leitos na rede hoteleira formal, com taxa de ocupação média entre 62% e 67%. Segundo ele, novos empreendimentos estão sendo planejados, mas a preocupação não é com a chegada do short stay em si, e sim com o volume de unidades a serem ofertadas em curto espaço de tempo.
“A cidade tem crescido e a economia também. Se o crescimento da oferta vier acompanhado de um aumento na demanda, não teremos problemas. Mas é preciso planejamento. Quando grandes hotéis chegam a uma cidade, sempre há um período de adaptação”, pondera.
Para se manter competitivo, Marcelo acredita que é necessário investir constantemente em inovação, renovação da estrutura física e marketing digital.
“Hotel é como mulher: precisa estar sempre jovem. Reformamos recentemente a suíte presidencial do Atmosfera Hotel. Temos que estar antenados com as mudanças. Hoje, 90% das reservas vêm de plataformas digitais. E não adianta só estar lá, é preciso trabalhar o relacionamento com o cliente. Fidelizar é essencial. O cliente que vem por meio da plataforma precisa querer voltar diretamente com você.”
Ele citou uma palestra do CEO da Expedia que o marcou: “Ele disse: ‘eu trago o cliente para você pela primeira vez, mas se ele voltar pela plataforma, a culpa é sua, porque eu te dei o nome, o e-mail e o telefone dele. Faça seu trabalho’”.
Apesar das vantagens, Marcelo reconhece que as comissões cobradas pelas plataformas digitais afetam a margem de lucro. “As comissões não são baratas. Por isso, o ideal é fidelizar o cliente para que ele retorne direto com o hotel. Toda empresa precisa trabalhar isso: conquistar o cliente e manter.”
Segundo ele, o grupo que comanda avalia também o mercado de short stay. “Não dá para ignorar. Estamos estudando esse mercado e, se houver oportunidade, podemos atuar também com essa modalidade. Mas é preciso planejamento.”
Ele alerta quem deseja investir em hotelaria: “Pesquise antes. A diária de hotel é um produto perecível. Se você não vender hoje, perdeu. Hotelaria exige investimento alto e retorno a longo prazo — entre oito a doze anos. Não dá para entrar nesse setor sem entender localização, demanda, e custo-benefício.”