Saúde

Especialista explica novo limite para pressão considerada normal e reforça importância do diagnóstico precoce

Levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia revela que 30% dos adultos no Brasil têm hipertensão, com prevalência maior entre mulheres e idosos

02/07/2025 17h17
Especialista explica novo limite para pressão considerada normal e reforça importância do diagnóstico precoce

A hipertensão arterial atinge hoje cerca de 30% dos adultos brasileiros, conforme dados do Instituto Nacional de Cardiologia, vinculado ao Ministério da Saúde. A prevalência aumenta com a idade e é maior em pessoas acima de 60 anos. Entre as capitais brasileiras, o índice de diagnóstico é maior em mulheres (29,3%) do que em homens (26,9%).

Para esclarecer esse tema tão importante, o cardiologista Dr. Germano Lefundes participou do Momento IDM Cardio. Ele detalhou as mudanças recentes nos parâmetros para diagnóstico da hipertensão e a importância da prevenção.

Segundo Dr. Germano, a definição do que é pressão arterial normal sofreu alteração no final de 2024, após a publicação de novas diretrizes pela Sociedade Europeia de Cardiologia.

“Durante anos consideramos normal uma pressão de até 12 por 8. Agora, o limite caiu para 12 por 7”, explicou o cardiologista.

Ele destacou que isso não significa que níveis acima de 12 por 7 já sejam classificados como hipertensão, mas que esse novo valor representa o início de uma zona considerada anormal.

“É uma mudança importante, porque traz uma compreensão mais contínua do risco, em vez de um limite rígido entre ‘normal’ e ‘hipertenso’.”

Dr. Germano ressaltou que a hipertensão é uma doença multifatorial e silenciosa, muitas vezes negligenciada.

“Cerca de 1,3 bilhão de pessoas no mundo são hipertensas, e metade delas não sabe que tem a doença. Entre os que sabem, apenas um em cada quatro controla corretamente a pressão arterial.”

Ele comparou a hipertensão a um cupim que devora a estrutura da casa sem ser percebido.

“Ela não gera sintomas em boa parte da sua evolução, mas está associada a sérios riscos, como infarto, AVC, insuficiência renal e problemas oculares.”

Para facilitar o entendimento, Dr. Germano explicou as faixas consideradas pela nova diretriz:

“A partir da zona de pré-hipertensão, o paciente deve redobrar os cuidados, embora nem sempre seja necessário usar medicamentos. Praticar atividade física regularmente, reduzir o consumo de sódio e ter uma boa qualidade de sono são medidas fundamentais para controlar a pressão e evitar a progressão da doença”, afirmou o cardiologista.

Ele reforçou que o diagnóstico deve ser criterioso, baseado em várias medições feitas em condições adequadas, para evitar alarmismos desnecessários.

Sobre a influência da hereditariedade, Dr. Germano explicou que “a genética responde por cerca de 30 a 40% do risco de hipertensão, mas a maior parte está ligada ao estilo de vida: alimentação inadequada, sedentarismo, sono ruim e estresse”.

“Mesmo quem tem histórico familiar pode reduzir significativamente o risco com bons hábitos”, completou.

O médico destacou a importância de conscientizar a população sobre a hipertensão.

“Ela não é uma condenação automática, mas requer atenção constante para evitar complicações a longo prazo. Exercício, alimentação saudável e controle do estresse são verdadeiros ‘remédios fora da caixa’ que complementam o tratamento medicamentoso.”

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