Especialista explica novo limite para pressão considerada normal e reforça importância do diagnóstico precoce
Levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia revela que 30% dos adultos no Brasil têm hipertensão, com prevalência maior entre mulheres e idosos
A hipertensão arterial atinge hoje cerca de 30% dos adultos brasileiros, conforme dados do Instituto Nacional de Cardiologia, vinculado ao Ministério da Saúde. A prevalência aumenta com a idade e é maior em pessoas acima de 60 anos. Entre as capitais brasileiras, o índice de diagnóstico é maior em mulheres (29,3%) do que em homens (26,9%).
Para esclarecer esse tema tão importante, o cardiologista Dr. Germano Lefundes participou do Momento IDM Cardio. Ele detalhou as mudanças recentes nos parâmetros para diagnóstico da hipertensão e a importância da prevenção.
Segundo Dr. Germano, a definição do que é pressão arterial normal sofreu alteração no final de 2024, após a publicação de novas diretrizes pela Sociedade Europeia de Cardiologia.
“Durante anos consideramos normal uma pressão de até 12 por 8. Agora, o limite caiu para 12 por 7”, explicou o cardiologista.
Ele destacou que isso não significa que níveis acima de 12 por 7 já sejam classificados como hipertensão, mas que esse novo valor representa o início de uma zona considerada anormal.
“É uma mudança importante, porque traz uma compreensão mais contínua do risco, em vez de um limite rígido entre ‘normal’ e ‘hipertenso’.”
Dr. Germano ressaltou que a hipertensão é uma doença multifatorial e silenciosa, muitas vezes negligenciada.
“Cerca de 1,3 bilhão de pessoas no mundo são hipertensas, e metade delas não sabe que tem a doença. Entre os que sabem, apenas um em cada quatro controla corretamente a pressão arterial.”
Ele comparou a hipertensão a um cupim que devora a estrutura da casa sem ser percebido.
“Ela não gera sintomas em boa parte da sua evolução, mas está associada a sérios riscos, como infarto, AVC, insuficiência renal e problemas oculares.”
Para facilitar o entendimento, Dr. Germano explicou as faixas consideradas pela nova diretriz:
- Pressão normal: até 12 por 7
- Zona de pressão elevada (pré-hipertensão): entre 12 por 7 e 14 por 9
- Hipertensão: acima de 14 por 9 (140/90 mmHg)
“A partir da zona de pré-hipertensão, o paciente deve redobrar os cuidados, embora nem sempre seja necessário usar medicamentos. Praticar atividade física regularmente, reduzir o consumo de sódio e ter uma boa qualidade de sono são medidas fundamentais para controlar a pressão e evitar a progressão da doença”, afirmou o cardiologista.
Ele reforçou que o diagnóstico deve ser criterioso, baseado em várias medições feitas em condições adequadas, para evitar alarmismos desnecessários.
Sobre a influência da hereditariedade, Dr. Germano explicou que “a genética responde por cerca de 30 a 40% do risco de hipertensão, mas a maior parte está ligada ao estilo de vida: alimentação inadequada, sedentarismo, sono ruim e estresse”.
“Mesmo quem tem histórico familiar pode reduzir significativamente o risco com bons hábitos”, completou.
O médico destacou a importância de conscientizar a população sobre a hipertensão.
“Ela não é uma condenação automática, mas requer atenção constante para evitar complicações a longo prazo. Exercício, alimentação saudável e controle do estresse são verdadeiros ‘remédios fora da caixa’ que complementam o tratamento medicamentoso.”