Quando o coração vira zabumba: Cardiologista explica por que o coração precisa de compasso no São João
A zabumba, com seu som grave e sua função de marcação, se assemelha ao batimento cardíaco tanto no som quanto na função.
O clima junino invadiu o quadro Momento IDM Cardio, que trouxe uma analogia inusitada, mas profundamente educativa: o coração humano comparado à zabumba do forró. O cardiologista Dr. Israel Reis explorou como o ritmo do coração se conecta com a essência da música nordestina e com a vida.
“Se o coração fosse um instrumento do forró, sem dúvida ele seria a zabumba”, afirmou o especialista. “É ela que marca o ritmo. Se a zabumba sai do compasso, o triângulo, a sanfona e até os passos da dança se atrapalham. O coração é exatamente assim: se ele perde o ritmo, o corpo inteiro sente”, explicou.
Segundo Dr. Israel, a zabumba, com seu som grave e sua função de marcação, se assemelha ao batimento cardíaco tanto no som quanto na função.
“O coração contrai, relaxa, impulsiona o sangue. É como uma bomba, como o compasso da zabumba.” Ele ressalta ainda que, quando o coração sai do ritmo, as chamadas arritmias cardíacas, o organismo pode enfrentar sérias dificuldades: falta de ar, desmaios e, em casos mais graves, risco de vida.
“Uma arritmia pode ser comparada a uma zabumba descompassada: o forró desanda, o corpo também. O sangue pode não chegar adequadamente aos órgãos e o indivíduo pode até desmaiar. É como tentar dançar um forró a 250 batimentos por minuto, impossível”, ilustrou.
O cardiologista listou os principais sinais de alerta de que o coração pode estar fora do ritmo: palpitações, sensação de batimento acelerado ou muito lento, pausas ou trancos no peito, e sintomas associados como falta de ar e desmaio. Ele fez um alerta especial para aqueles que sentirem esses sintomas pela primeira vez durante as festas juninas.
“Se for algo que já acontece, sem piora, pode não ser grave. Mas se for a primeira vez, se a sensação durar mais de um minuto, se causar mal-estar ou desmaio, é hora de procurar ajuda médica. Em alguns casos, pode ser necessária até uma cardioversão elétrica, ou seja, o famoso choque para restaurar o ritmo cardíaco normal”, orientou.
Com o aumento do consumo de bebidas alcoólicas nas festas juninas, Dr. Israel fez um alerta: “O álcool é um irritante do músculo cardíaco e o maior risco está na chamada ‘libação alcoólica’, quando alguém que não bebe o ano todo decide ‘encher a cara’ só no São João. Isso pode desencadear arritmias perigosas, ainda mais se combinado com energéticos.”
Além da função educativa, o bate-papo trouxe reflexões sobre a importância da preservação da cultura nordestina.
“Fico triste em ver prefeitos e secretários contratando bandas que não têm nada a ver com forró, destruindo nossa tradição. A responsabilidade é nossa, de cada um. Precisamos defender o verdadeiro forró, o forró pé de serra, os trajes juninos, a cultura de Luiz Gonzaga”, protestou.
Ele reforçou também os benefícios do forró para a saúde: “A dança, o movimento e a música reduzem o estresse, melhoram o sono e fazem bem ao coração. O forró é saúde física e mental”.