Uso de “canetinhas” para emagrecimento: Nutróloga alerta sobre flacidez e a importância do acompanhamento profissional
A médica explicou que, apesar de eficazes em alguns casos, esses medicamentos não são soluções milagrosas
Durante entrevista ao programa Cidade em Pauta, da Nordeste FM, a médica nutróloga Dra. Aline Jardim esclareceu dúvidas recorrentes sobre o uso das chamadas “canetinhas” para emagrecimento – medicamentos injetáveis como o Mounjaro, cada vez mais populares no Brasil. A médica explicou que, apesar de eficazes em alguns casos, esses medicamentos não são soluções milagrosas e exigem acompanhamento profissional para evitar efeitos colaterais indesejados, como a flacidez da pele.
“Todos os dias recebo pacientes com as mesmas dúvidas. As pessoas acreditam que o uso isolado da medicação vai resolver o problema, mas não é assim que funciona”, destacou Dra. Aline. Ela lembrou que, ao contrário do que muita gente pensa, não é a medicação em si que causa flacidez, mas sim a perda de massa muscular associada a uma má alimentação.
Segundo a especialista, a chave para um emagrecimento saudável está na combinação de estratégias: alimentação equilibrada, atividade física regular, suplementação correta e, quando necessário, suporte hormonal.
“A flacidez ocorre quando há perda de massa muscular. O uso da medicação reduz o apetite, o que pode levar à ingestão inadequada de proteínas, fundamentais para preservar os músculos”, explicou.
Dra. Aline detalhou que idade, genética, menopausa e estilo de vida são fatores que agravam o risco de flacidez durante o emagrecimento.
“Mulheres na menopausa, por exemplo, já têm naturalmente maior dificuldade de manter massa magra devido às alterações hormonais. Se ainda assim não cuidarem da ingestão de proteínas e não tiverem acompanhamento, os prejuízos são ainda maiores”, ressaltou.
Ela enfatizou que o emagrecimento pode, sim, ser rápido com o uso das canetinhas, desde que bem orientado.
“Você pode perder peso rápido sem flacidez, mas precisa de um suporte adequado: comer proteína de qualidade, beber água, dormir bem e suplementar nutrientes essenciais como ferro, zinco, selênio, vitamina D e B12”, destacou.
A médica também fez um paralelo didático para explicar como o colágeno – proteína que garante firmeza à pele – é formado no organismo: “Você come o ‘tijolinho’, que são as proteínas, mas precisa da ‘argamassa’ – que são os minerais – para que esses tijolos grudem e o colágeno seja formado”.
A entrevista também serviu como um alerta contra o uso indiscriminado das canetinhas, muitas vezes adquiridas sem prescrição médica.
“Até o dia 16 ainda é possível comprar sem receita, mas a partir daí, só com prescrição. Isso é uma medida da Anvisa para conter os riscos do uso irresponsável”, lembrou.
A médica foi enfática ao criticar farmácias que promovem a venda dessas medicações com propagandas apelativas.
“Vi ontem uma farmácia vendendo a caneta por R$1.500 em 10 vezes no cartão, como se fosse uma solução mágica. Não é. Não é uma caneta que vai resolver o seu problema. E no fim das contas, pode ser uma armadilha para sua saúde e para seu bolso”, alertou.
A doutora também esclareceu que as canetinhas não são exclusivas para pacientes obesos. Elas têm sido utilizadas, por exemplo, em casos de diabetes tipo 2, resistência insulínica e até lipedema – condição caracterizada pelo acúmulo desproporcional de gordura em pernas e quadris.
“Pacientes com lipedema não são necessariamente obesas, mas sofrem com gordura localizada difícil de perder e grande propensão à flacidez. Esses casos exigem um protocolo ainda mais detalhado, com associação de medicações, suplementação e ajustes hormonais, sempre sob orientação médica”, disse.
Para finalizar, Dra. Aline reforçou a importância da alimentação adequada. “Todos os dias eu vejo pessoas que só comem carboidratos no café da manhã e no jantar. Frutas, sucos e raízes são saudáveis, mas não bastam. É preciso incluir proteína em todas as refeições para garantir a manutenção da massa muscular e evitar a flacidez”, concluiu.