Saúde

Ginecologista destaca avanço no tratamento da endometriose com inclusão do DIU Mirena no SUS

Feira de Santana foi pioneira no uso do DIU Mirena na rede pública

31/05/2025 07h00
Ginecologista destaca avanço no tratamento da endometriose com inclusão do DIU Mirena no SUS

O quadro Mulheres em Pauta, apresentado pela ginecologista Dra. Márcia Suely na rádio Nordeste FM, trouxe um tema de grande relevância para a saúde feminina: o uso do DIU hormonal no tratamento da endometriose. A médica destacou os benefícios desse método, agora autorizado para uso no Sistema Único de Saúde (SUS), conforme portaria publicada pelo Ministério da Saúde no último dia 27.

Segundo Dra. Márcia, essa medida representa uma conquista significativa para mulheres que sofrem com a doença e não obtêm resposta com outros tratamentos.

“É uma notícia quente, a partir de agora, mulheres com endometriose que não respondem bem a outros tratamentos poderão ter acesso gratuito ao DIU Mirena pela rede pública de saúde. Isso é extremamente importante para aquelas que sofrem com dores intensas e sangramentos crônicos”, explicou.

Durante o programa, a especialista relembrou os principais aspectos da doença.

“A endometriose é causada pela presença de tecido semelhante ao do endométrio, camada interna do útero, em outras regiões do corpo, o que provoca inflamações e dores intensas. Os principais sintomas são cólicas fortes, dor durante as relações sexuais, dor ao urinar ou evacuar e sangramentos menstruais excessivos”, detalhou.

Embora tenha sido inicialmente desenvolvido como método contraceptivo, o DIU hormonal, especialmente o modelo Mirena, vem sendo amplamente utilizado para aliviar os sintomas da endometriose.

“Esse tipo de DIU libera progesterona, hormônio que provoca a atrofia do endométrio, o que reduz ou elimina a menstruação e, consequentemente, as dores e o sangramento causados pela doença”, explicou Dra. Márcia.

Ela destacou que, mesmo sendo aprovado há cerca de 20 anos, o DIU hormonal era restrito ao setor privado, com uso aprovado principalmente para fins contraceptivos. A partir da nova portaria, ele passa a ser também indicado e disponibilizado gratuitamente para mulheres com endometriose pelo SUS.

Dra. Márcia fez questão de relembrar que Feira de Santana foi pioneira na adoção do DIU hormonal na rede pública, ainda durante sua gestão como diretora do Hospital da Mulher.

“Depois de uma visita ao Hospital Pérola Byington, em São Paulo, referência no Brasil em ginecologia, decidi levar a ideia para o prefeito José Ronaldo, que foi extremamente sensível à proposta e aprovou o projeto. Começamos então a oferecer o DIU Mirena para mulheres com endometriose e miomas”, contou.

O principal benefício do DIU hormonal no tratamento da endometriose, segundo a médica, é a melhora significativa da dor e da qualidade de vida.

“Muitas mulheres precisam ir ao hospital tomar medicamentos venosos para suportar a dor. O DIU reduz esse sofrimento, além de controlar o sangramento e prevenir a anemia”, afirmou.

Ela também alertou para possíveis efeitos colaterais, como pequenos sangramentos irregulares, conhecidos como “escapes”, e, em casos raros, a expulsão do dispositivo.

“Mas esse risco é bem menor em comparação com outros modelos, como o DIU de cobre.”

Embora a maioria das mulheres possa se beneficiar do DIU hormonal, existem algumas contraindicações.

“Pacientes com alterações na anatomia do útero, como útero bicorno, ou com suspeita de gravidez, não devem usar. Em casos de trombose, o DIU Mirena é geralmente seguro, pois não contém estrogênio e não é administrado via oral, diferente de outros métodos hormonais”, esclareceu.

A ginecologista reforçou que o DIU não é uma solução isolada.

“A endometriose é uma doença complexa, inflamatória e estrógeno-dependente. O tratamento precisa ser combinado com mudanças no estilo de vida, como alimentação anti-inflamatória, suplementação, controle do estresse, sono de qualidade e atividade física regular”, disse.

Ela citou ainda alguns suplementos que podem auxiliar no tratamento, como vitamina D, vitamina B12, Coenzima Q10 e resveratrol, além de uma dieta específica orientada por nutricionistas funcionais.

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