Saúde

Pequenas mudanças, grandes resultados: cardiologista alerta para riscos e cuidados com a hipertensão

Segundo dados de 2023 da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas, 30% da população adulta brasileira é hipertensa

17/05/2025 16h18
Pequenas mudanças, grandes resultados: cardiologista alerta para riscos e cuidados com a hipertensão

Em alusão ao Dia Mundial de Combate à Hipertensão, celebrado neste sábado (17), o quadro Momento IDM Cardio, veiculado nas rádios Princesa FM e Sociedade News dentro dos programas Jornal do Meio Dia e De Olho na Cidade, trouxe uma entrevista com o médico cardiologista Dr. Germano Lefundes, ele destacou a gravidade da hipertensão arterial no Brasil e a importância de pequenas mudanças no estilo de vida.

Segundo dados de 2023 da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas, cerca de 30% da população adulta brasileira é hipertensa. Para o especialista, esse número tende a crescer.

“O cenário para os próximos anos até 2035 promete um incremento do número de hipertensos, exatamente por conta da piora da qualidade alimentar e do sedentarismo.”

Dr. Germano explica que a hipertensão é uma doença silenciosa, muitas vezes sem sintomas perceptíveis, o que contribui para um índice alarmante de subdiagnóstico.

“Quatro de cada 10 hipertensos não sabem que têm a doença. Isso é impactante. É uma doença cercada de mitos, como achar que, se não sente nada, está tudo normal.”

Com o tema “Pequenas mudanças, grandes resultados”, o quadro enfatizou que o primeiro passo para combater a hipertensão é a conscientização.

“O diagnóstico é simples e feito com aferição da pressão arterial. Mas não basta uma medição isolada. Se ela estiver elevada, é preciso monitorar com mais frequência e procurar um médico.”

Além de medicação, o tratamento exige mudança de hábitos.

“O medicamento é importante, mas não é o único remédio. Alimentação saudável e atividade física regular são parte fundamental do tratamento. Sempre falo que são ‘medicamentos fora da caixa’, mas extremamente necessários.”

O cardiologista também abordou o medo que muitas pessoas têm de aferir a pressão.

“O medo é uma emoção útil, nos protege, mas não pode nos paralisar. Não medir a pressão por medo do resultado é se colocar em risco. É melhor saber e tratar do que conviver com a incerteza.”

Ele alertou ainda para diagnósticos precipitados e tratamentos iniciados sem a devida avaliação.

“Já recebi pacientes medicados com base em uma única aferição em momento de dor ou estresse. Isso não é o ideal. O diagnóstico exige uma análise clínica cuidadosa, com histórico completo do paciente.”

Sobre o uso de aparelhos para aferir a pressão, Dr. Germano orienta: “Aparelhos digitais de braço são os mais indicados, preferencialmente validados pelo Inmetro e pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Aqueles de pulso ou relógios não têm confiabilidade validada para esse fim.”

Ele também explicou o momento ideal para medir a pressão: “É preciso estar em repouso, sentado, com os pés no chão, o braço apoiado na altura do coração. Medir em momentos de dor, estresse ou ansiedade pode gerar resultados pontuais elevados, que não caracterizam hipertensão.”

O cardiologista destacou que a hipertensão é uma doença multifatorial, com causas genéticas, ambientais e culturais. O tratamento, portanto, deve ser contínuo e monitorado, mesmo na ausência de sintomas.

“O primeiro sintoma pode ser um AVC ou um infarto. A hipertensão não traz danos imediatos, mas as complicações surgem ao longo do tempo. Por isso, o tratamento precisa ser mantido mesmo quando o paciente se sente bem.”

Dr. Germano reforçou que o diagnóstico correto depende de boa comunicação entre paciente e médico.

“É importante que o paciente saiba narrar o que está acontecendo. Muitas vezes, a pressão está alta por causa de um estresse, de um aborrecimento, e o paciente omite esse contexto. Isso pode levar a diagnósticos errados.”

A entrevista foi encerrada com um apelo direto à população: “Não espere sentir algo para procurar ajuda. Hipertensão não é sentença, mas exige consciência, acompanhamento e responsabilidade. Pequenas mudanças no dia a dia podem evitar grandes problemas no futuro.”

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