Maio Verde: oftalmologista orienta sobre prevenção e tratamento do glaucoma
O maior desafio no combate à doença é justamente o fato de ela não apresentar sintomas nos estágios iniciais.
Durante entrevista ao programa De Olho na Cidade, da Rádio Sociedade News, a médica oftalmologista Maria José, da Clinos Hospital de Olhos, fez um alerta sobre os perigos do glaucoma, doença que representa a principal causa de cegueira no mundo. A conversa fez parte da programação do Maio Verde, mês dedicado à conscientização e combate ao glaucoma.
Segundo a especialista, o glaucoma é uma doença crônica, sem cura e com evolução silenciosa, que compromete gradualmente o nervo óptico e, se não tratada corretamente, pode levar à perda total da visão.
“Glaucoma é uma doença que não tem cura, é irreversível. É tida como a maior causa de cegueira no mundo. Ela tem controle, mas não tem cura”, explicou. “Quando há aumento da pressão ocular, ocorre uma lesão do nervo óptico. Com isso, o paciente começa a perder o campo de visão, de forma progressiva.”
A médica destacou que o maior desafio no combate à doença é justamente o fato de ela não apresentar sintomas nos estágios iniciais.
“É um mal silencioso. A maioria dos diagnósticos é feita de forma casual, em consultas de rotina. Por isso é tão importante perguntar ao oftalmologista qual o valor da sua pressão ocular e fazer exames periódicos.”
A Dra. Maria José também listou os fatores de risco para o desenvolvimento do glaucoma, que incluem idade acima de 40 anos, histórico familiar, diabetes, hipertensão, miopia, apneia do sono, além da ascendência afrodescendente ou asiática.
“Se você tem algum desses fatores, precisa fazer a consulta oftalmológica com regularidade. A consulta não é só para passar óculos. É preciso medir a pressão ocular e avaliar o fundo do olho. Essa é a melhor forma de prevenção.”
O tratamento, geralmente feito com colírios, exige disciplina. Os medicamentos variam de acordo com a gravidade do quadro e a resposta do paciente.
“Nós temos colírios com ação de 8, 12 e até 24 horas. É essencial que o paciente seja rigoroso no horário da aplicação. O colírio é o principal tratamento, mas também há casos em que se indica o laser ou a cirurgia. Tudo depende do estágio da doença.”
A médica também comentou sobre a resistência de alguns pacientes em seguir o tratamento devido a efeitos colaterais ou custo dos colírios.
“Muitos pacientes não usam o colírio porque ele deixa o olho vermelho ou porque é caro. O SUS nem sempre disponibiliza. Então é fundamental explicar que, mesmo sendo uma doença silenciosa, ela exige compromisso. Quem aplica o colírio é o próprio paciente.”
Dra. Maria José mencionou ainda o uso de laser que pode ser uma alternativa nos estágios iniciais da doença. No entanto, ela explicou que esse procedimento ainda não é amplamente acessível.
“O SLT é um laser eficaz, mas não tem cobertura pelo SUS nem pelos convênios, o que dificulta o acesso para muitos pacientes. O custo gira em torno de mil reais.”
Como parte da campanha Maio Verde, a Clinos tem realizado diversas ações de conscientização em Feira de Santana.
“Todos os dias, quando um acompanhante chega à clínica, aproveitamos para conversar sobre o glaucoma e medir a pressão ocular. Também vamos realizar uma ação no shopping onde temos uma unidade e outra em uma igreja, à noite. A ideia é divulgar ao máximo. Glaucoma é coisa séria.”
A médica lembrou que o mês de maio serve para reforçar os cuidados, mas o tema deve ser debatido o ano inteiro.
“As pessoas nos perguntam se podemos fazer essas ações em outros lugares. Claro! Talvez não neste mês, mas nos próximos, sim. Glaucoma não é assunto de um mês só.”
Durante o programa, diversos ouvintes participaram com perguntas e dúvidas. Um deles, João Carlos, quis saber se o uso de colírios é para a vida toda.
“Sim, o tratamento é contínuo. O colírio deve ser usado pelo resto da vida ou até que uma cirurgia seja feita. Mesmo assim, muitos pacientes continuam usando pelo menos um colírio após a cirurgia”, respondeu a médica.
Outro ouvinte, Romilson, perguntou sobre os sintomas da doença.
“Infelizmente, o glaucoma crônico simples — o mais comum — não apresenta sintomas. É por isso que insistimos tanto nas consultas regulares. É uma doença traiçoeira. O paciente só percebe quando já perdeu uma parte significativa da visão”, destacou.
A Clinos está com ações especiais neste mês de conscientização sobre o glaucoma. As unidades funcionam na Rua Barão do Rio Branco, no Shopping Boulevard, em Feira de Santana, e também nas cidades de Conceição do Coité e Serrinha. Consultas podem ser agendadas pelo telefone (75) 3603-3900.