Imagem, autoridade e verdade: especialista alerta médicos sobre os riscos de não se posicionar nas redes sociais
Não basta ser um bom profissional: é preciso também mostrar isso com intencionalidade e coerência.
Em entrevista ao quadro Hora do Empreendedorismo no programa Jornal do Meio Dia, da Rádio Princesa FM, a especialista em posicionamento de imagem Dani Caribé falou sobre a importância da construção da imagem pessoal para profissionais da saúde, especialmente médicos, no ambiente digital. Enfermeira de formação e com atuação voltada para estratégias de posicionamento, Dani destacou que não basta ser um bom profissional: é preciso também mostrar isso com intencionalidade e coerência.
“A imagem é o que chega primeiro. Existem estudos da neurociência que mostram que o cérebro leva apenas três segundos para formar uma opinião sobre alguém. A famosa frase ‘uma imagem vale mais que mil palavras’ é verdadeira. Claro que podemos mudar a opinião sobre uma pessoa depois de conhecê-la, mas o cérebro vai tentar manter a primeira impressão. Por isso, o profissional que não cuida da imagem nas redes sociais precisa de muito mais esforço para convencer alguém de que é bom no que faz”, afirmou Dani.
Segundo ela, o mundo mudou, e a forma de consumir serviços também. “Antigamente, os pacientes buscavam médicos pelo boca a boca. Hoje, isso ainda existe, mas não é mais suficiente. Se o médico não aparece nas redes, não é lembrado. Muitos bons profissionais estão perdendo pacientes para outros que, mesmo sem tanta excelência técnica, conseguem se posicionar bem e transmitir autoridade.”
Dani defende que a construção de autoridade não está ligada apenas a uma estética ou ao uso de determinados acessórios.
“Muita gente acha que é só vestir um blazer preto e passar um batom vermelho. Mas autoridade é uma percepção construída a partir da imagem, da linguagem, do ambiente e da forma de se comunicar. Para isso, é essencial que a estratégia de posicionamento seja condizente com a realidade daquele profissional.”
Ela reforça que o posicionamento precisa refletir a verdade de quem o médico é. “Não adianta mostrar algo nas redes sociais que não se sustenta na prática. O paciente atravessa a porta do consultório e encontra uma pessoa completamente diferente da que viu no Instagram? Isso quebra a confiança. Por isso, sempre digo: vamos trabalhar com sua verdade. Ser você mesmo, mas com intenção. Mostrar o que é relevante e o que conecta.”
Questionada sobre os principais erros cometidos por médicos e profissionais da saúde ao tentar se posicionar, Dani apontou dois extremos: não aparecer e aparecer demais sem estratégia.
“Não aparecer é o erro mais comum. A maioria ainda acredita que não precisa disso, e isso é um grande equívoco. Por outro lado, há quem exagere, mostre tudo, sem propósito. Não é necessário mostrar a família, o que come todos os dias. Mas mostrar com intenção. Por exemplo, no Dia das Crianças, faz sentido mostrar os filhos. É sobre ter uma comunicação estratégica.”
Ela também chama a atenção para o risco de se tornar “acessível demais”. “Tem médicos que se mostram tão acessíveis que as pessoas até pedem consultas gratuitas. Isso faz com que o valor percebido do profissional caia. A autoridade precisa ser equilibrada: conexão, sim, mas com posicionamento firme.”
Dani também comentou sobre o medo que muitos médicos têm de se expor nas redes sociais.
“Existe muito julgamento, inclusive entre os próprios colegas. O famoso ‘virou médico blogueirinho’. Mas é preciso entender que mostrar conhecimento e se comunicar bem não diminui a competência médica. Pelo contrário, amplia o alcance e fortalece a confiança do paciente.”
Ela reforça que, com o aumento no número de faculdades de medicina e a queda da renda média dos médicos – que, segundo ela, caiu cerca de 12% nos últimos anos – o profissional precisa se destacar. “Com o mercado de convênios cada vez mais inviável para muitos, o atendimento particular se torna uma opção de sobrevivência. E, para isso, é essencial se posicionar.”
Dani finalizou com um alerta: “Quem não ocupa seu espaço, vai vê-lo ser ocupado. Muitas vezes por profissionais que têm menos conhecimento, mas que sabem se vender. E isso pode prejudicar pacientes que poderiam estar sendo atendidos por médicos excelentes, mas que não estão visíveis. O sucesso deixa pistas, e hoje a gente precisa mostrar essas pistas.”