Caso Kauan: Comoção marca audiência de jovem baleado por engano em Feira de Santana
A audiência desta segunda marca o início da fase de instrução do processo.
Na manhã desta segunda-feira (12), amigos e familiares se reuniram no Fórum Felinto Bastos, em Feira de Santana, para acompanhar a primeira audiência de instrução do caso que investiga a morte do jovem Kauan Gomes, de 20 anos. Ele foi baleado na cabeça em dezembro de 2024 enquanto seguia para o trabalho e faleceu quatro dias depois no Hospital Geral Clériston Andrade.
O crime ocorreu por volta das 6h da manhã do dia 13 de dezembro, na Avenida Fraga Maia. Kauan estava dentro do carro com a mãe, Samile Silva Gomes, que dirigia, e uma amiga da família, Milena Mendes. Eles saíam do bairro Papagaio com destino à academia onde Kauan trabalhava, no bairro Sobradinho, quando foram surpreendidos por disparos. Segundo a investigação, o autor do crime confundiu o carro da mãe do jovem com o de um homem que teria dado carona à sua companheira, após uma discussão motivada por ciúmes.
A mãe da vítima, Samile, falou sobre as expectativas da família: “Esperamos apenas que a justiça seja feita. Tiraram a vida do meu filho com apenas 20 anos, com um futuro inteiro pela frente. O único desejo da nossa família é que esse crime não fique impune.”
Ela também relembrou o momento do crime:
“Eram uns cinco para seis da manhã. Eu estava levando meu filho para o trabalho, como sempre fiz, com zelo e cuidado. Sempre me sacrifiquei para estar ao lado dele. Ver meu filho ser atingido por um tiro ao meu lado é uma dor que não tem explicação. Eu vivi aquilo e sigo revivendo todos os dias.”
Milena Mendes, amiga da família há quase 30 anos e que também estava no carro no momento do crime, relatou como tudo aconteceu:
“A gente saía todos os dias nesse horário para treinar. Eu sempre sentava atrás de Kauan. Naquele dia, eu estava de cabeça baixa no celular e a bala passou por cima da minha cabeça. Infelizmente, atingiu ele. Isso não sai das nossas cabeças. Amanhã faz cinco meses, e cada vez que falamos sobre isso, é como se vivêssemos tudo de novo.”
Milena também destacou a importância da mobilização social.
“Esse crime não pode ficar impune. Assim como foi com a gente, poderia ter sido com qualquer outra pessoa. Estávamos indo treinar, não estávamos em festa, em confusão, nada. Foi um crime covarde, e a sociedade precisa cobrar justiça. Por isso é tão importante estarmos todos aqui hoje.”
De acordo com a Polícia Civil, o suspeito teria passado a madrugada ingerindo bebidas alcoólicas com amigos e, após uma discussão com a companheira, acreditou que ela havia fugido com outro homem. O carro da mãe de Kauan, semelhante ao veículo usado por quem deu carona à mulher, foi confundido com o alvo.
Após quatro dias internado em estado grave, Kauan teve morte cerebral confirmada e sua família, num gesto de generosidade, decidiu doar seus órgãos.
*Com informações do repórter Robson Nascimento