Secretário de Saúde explica novo sistema de marcação de consultas e exames de Feira de Santana
Saiba o que muda na prática
A partir de junho, os pacientes das unidades de saúde de Feira de Santana já sairão da consulta com a data, horário e local definidos para realização de exames laboratoriais, radiografias e eletrocardiogramas (ECG). A medida, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), representa uma profunda mudança no modelo de agendamento, com impacto direto na vida da população.
O novo sistema vem sendo testado neste mês de maio em algumas unidades da cidade e deve substituir o atual formato. Com a nova metodologia, todos os procedimentos serão cadastrados em uma fila única, organizada por ordem de entrada e critérios técnicos de prioridade, com agendamentos automáticos realizados por inteligência artificial.
O secretário de Saúde, Rodrigo Matos, explica que a mudança é resultado de um trabalho técnico iniciado em janeiro de 2025, após mapeamento de dificuldades enfrentadas especialmente por pessoas com acesso precário à internet ou com limitações tecnológicas.
“Infelizmente, essas pessoas ficavam de fora do SUS. Isso fere o princípio da universalidade do sistema. Por isso, decidimos acelerar o processo e propor esse novo modelo à população de Feira”, afirmou.
Segundo o secretário, antes o processo era burocrático e ineficiente: “O paciente passava com o médico, precisava carimbar a solicitação e sair batendo de porta em porta nos laboratórios credenciados, perguntando se havia vaga. Isso não é razoável com uma população que tem direito à saúde”.
Agora, a lógica será inversa: “O paciente faz a consulta, entrega a solicitação na recepção da unidade e já sai com tudo marcado. No caso dos exames que não puderem ser agendados na hora, como uma consulta de alta complexidade, o cadastro é feito e o paciente receberá a confirmação pelo WhatsApp, telefone ou aplicativo. Não precisa mais voltar à unidade para buscar essas informações”.
Outro ponto do novo modelo é o fim da distribuição de cotas por unidade de saúde — prática que, segundo o secretário, gerava ineficiência e desigualdade.
“Se você tem 100 unidades e distribui 10 vagas para cada uma, corre o risco de perder consultas em locais com pouca demanda e deixar gente de fora onde a procura é maior”, explicou.
“Com o sistema unificado, evitamos filas quilométricas e injustiças. Vamos priorizar os casos mais graves com base em critérios técnicos. O paciente com diabetes descompensado vai passar na frente de um jovem saudável que quer fazer exame de rotina. Isso será feito por médicos e enfermeiros reguladores e ficará registrado no sistema, com total transparência”, acrescentou.
Todo o processo estará integrado ao sistema utilizado pelos médicos nas unidades básicas de saúde, permitindo uma gestão mais eficaz.
“O prontuário eletrônico e o sistema de marcação serão os mesmos em todas as unidades, do Tomba ao Jardim América”, destacou.
Casos como o dos pacientes renais transplantados, que anteriormente precisavam se deslocar à Secretaria para marcar consultas, também serão contemplados.
“Queremos que esses pacientes esperem em casa, com dignidade, e sejam avisados diretamente quando tiverem seu atendimento marcado. Não queremos mais ver gente rodando a cidade com uma guia de exame na mão”, enfatizou o secretário.
Rodrigo Matos reconhece que o mês de maio será de transição e ajustes. “Vai haver transtornos, sim, porque estamos trocando a roda com o carro andando, mas essa é a mudança mais profunda no sistema de marcação de consultas e exames que já vi no SUS. Estamos fazendo isso com coragem e responsabilidade”, afirmou.
O que muda na prática:
- Exames laboratoriais, ECG e radiografias serão agendados na hora, na própria unidade;
- Os demais procedimentos serão cadastrados e o paciente será avisado por WhatsApp, telefone ou aplicativo;
- O sistema de cotas por unidade será extinto, dando lugar a uma fila única com critérios técnicos;
- A Secretaria de Saúde passa a controlar toda a regulação, com mais transparência e eficiência;
- O uso da inteligência artificial agiliza o processo e garante equidade no acesso;
- Pacientes não precisarão mais se deslocar entre unidades ou enfrentar filas para agendamento.
O secretário finaliza com um apelo: “Não estou prometendo um sistema sem desafios, mas estou dizendo que não podemos mais achar normal sair com uma guia de hemograma e bater de porta em porta, ou a gente muda a forma de pensar e agir, ou não vamos avançar”.