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Emoções que batem no peito: cardiologista explica como sentimentos impactam diretamente a saúde do coração

O Brasil está entre os países com maior número de pessoas com ansiedade e depressão, condições que podem afetar o coração

11/05/2025 18h21
Emoções que batem no peito: cardiologista explica como sentimentos impactam diretamente a saúde do coração
Foto: Pixabay

Você já sentiu um aperto no peito ao passar por uma situação difícil? Ou percebeu seu coração disparar em momentos de ansiedade? Essa conexão entre o emocional e o funcionamento do coração vai além da metáfora – é ciência. Para entender melhor essa relação, conversamos com o cardiologista Dr. Israel Reis, que trouxe uma série de explicações e orientações valiosas no quadro Momento IDM Cardio.

“O coração é verdadeiramente emoção, Isabel. De forma prática, quando sentimos medo, angústia ou raiva, o peito aperta, o coração acelera. Essas manifestações têm explicações fisiológicas”, pontuou.

Segundo Dr. Israel, embora o coração seja símbolo das emoções, o processo começa no cérebro, que identifica as situações e libera substâncias como adrenalina, noradrenalina e cortisol.

“Isso faz com que o coração bata mais rápido, a pressão suba, e o corpo entre em alerta. O contrário também é verdadeiro: sentimentos positivos, como gratidão e perdão, costumam acalmar o coração e regular a pressão arterial”, explicou.

A preocupação com os efeitos emocionais vai além da sensação momentânea. Segundo o cardiologista, transtornos como ansiedade e depressão estão entre os grandes vilões da saúde cardiovascular.

“O Brasil está entre os países com maior número de pessoas com ansiedade e depressão. Essas condições liberam mais hormônios do estresse e elevam a pressão arterial, aumentando o risco de arritmias e até infarto”, alertou. Ele destacou que a medicina precisa olhar o paciente de forma integral: “Como tratar só colesterol e não perguntar sobre emoções?”.

Para ele, não dá mais para dissociar saúde emocional e cardíaca. “Muitas vezes, é mais importante entender o emocional do que saber o valor exato do colesterol”, reforçou.

Dr. Israel compartilhou situações vividas no consultório que demonstram como o equilíbrio emocional impacta na saúde física.

“Tive um paciente com arritmias constantes. Ele vivia brigando com os irmãos por conta de uma herança. Quando resolveu a situação, as crises diminuíram significativamente”, relatou. Casos como esse são comuns, segundo o médico. “Já vi pessoas com perda de força no músculo cardíaco melhorarem após reconciliações familiares ou mudanças de estilo de vida baseadas em gratidão e espiritualidade.”

Uma condição emblemática citada foi a chamada Síndrome de Takotsubo, também conhecida como “síndrome do coração partido”, descoberta no Japão.

“Ela imita um infarto, mas sem obstrução nas artérias. É causada por um estresse emocional extremo, mais comum em mulheres que passaram por perdas ou traumas recentes”, contou.

Outro ponto de alerta abordado na entrevista foi o aumento de infartos e AVCs entre os jovens. Dr. Israel relaciona esse fenômeno a diversos fatores, entre eles o emocional.

“Doença cardíaca é multifatorial, sim. Mas a ansiedade, depressão e estresse crônicos têm contribuído para o aumento de infartos em pessoas cada vez mais jovens, especialmente no pós-pandemia”, destacou.

Além disso, ele lembrou que o impacto das emoções vai além do coração: “Doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide, também estão ligadas ao emocional. O corpo reage a esse estado de constante inflamação”.

Ao ser questionado sobre como manter a saúde emocional e cardíaca em dia, Dr. Israel foi direto: “Não guarde sentimentos. Fale sobre seus problemas com alguém de confiança. Sentimentos guardados viram doenças”.

Ele também recomendou cultivar bons sentimentos, como perdão e gratidão, além de buscar uma vida espiritual equilibrada.

“Não falo de religião, mas de espiritualidade. Pessoas que se perdoam, que agradecem mesmo nos momentos difíceis, têm melhor saúde”, afirmou.

Outro ponto enfatizado foi o papel do exercício físico. “Qualquer doença, qualquer condição: a resposta sempre inclui se movimentar. O exercício melhora a mente e o corpo”, concluiu.

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