Conclave

Cardeais brasileiros destacam fraternidade e ação divina na eleição do Papa Leão XIV

Cardeais destacam a união do Colégio Cardinalício, a condução do Espírito Santo e a esperança renovada com o pontificado de Leão XIV.

09/05/2025 16h46
Cardeais brasileiros destacam fraternidade e ação divina na eleição do Papa Leão XIV

Os cardeais brasileiros que participaram do conclave que elegeu o Papa Leão XIV se reuniram com a imprensa na manhã desta sexta-feira (9), em uma coletiva realizada no Colégio Pio Brasileiro, em Roma. Ao lado deles, também esteve presente o cardeal emérito Raymundo Damasceno Assis, que, por ter mais de 80 anos, não participou da votação, mas acompanhou de perto os encontros preparatórios.

Dos sete cardeais brasileiros presentes no Vaticano, apenas o cardeal João Braz de Aviz não participou da entrevista coletiva, embora tenha votado no conclave. Os demais — dom Jaime Spengler (Porto Alegre), dom Odilo Scherer (São Paulo), dom Paulo Cezar Costa (Brasília), dom Orani Tempesta (Rio de Janeiro), dom Leonardo Steiner (Manaus) e dom Sérgio da Rocha (Salvador) — fizeram breves explanações e depois responderam às perguntas dos jornalistas.

Vivência fraterna e fé no processo

O primeiro a falar foi dom Jaime Spengler, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que descreveu os dias do conclave como “uma experiência intensa de fraternidade marcada pela fé”. Ele destacou a riqueza da convivência com os demais cardeais, vindos de diferentes partes do mundo:
“Ouvir esses homens falando de suas realidades e expectativas para o futuro da Igreja é algo que fortalece a comunhão e enriquece espiritualmente.”

Na mesma linha, o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, falou da emoção de ter participado de dois conclaves — o que elegeu o Papa Francisco e, agora, o de Leão XIV. Ele também fez referência ao filme Conclave, indicado ao Oscar, ao comentar que a realidade do processo é muito diferente da dramatização cinematográfica:

“A fantasia em torno do conclave é fértil, especialmente depois do filme. Mas a verdade é que o conclave é uma celebração precedida de dias intensos de reflexão sobre a Igreja e os desafios do mundo.”

Dom Odilo detalhou ainda que o ambiente dentro da Capela Sistina é de silêncio e oração, sem espaço para articulações políticas ou campanhas por candidatos. “Não há comício nem negociação. O que existe é oração, escuta e discernimento”, afirmou.

Ação do Espírito Santo e missão cumprida

Dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, compartilhou sua experiência como participante de um conclave pela primeira vez. Criado cardeal pelo Papa Francisco, ele afirmou ter vivido com responsabilidade e fé a missão de ajudar a Igreja a escolher um novo líder.

“Em apenas dois dias cumprimos nossa missão. A eleição foi rápida, o que também é sinal da ação do Espírito Santo.”

O cardeal Orani Tempesta também destacou esse aspecto: “O que impressiona é ver Deus agir. Mesmo com tantas realidades distintas, somos conduzidos a uma decisão comum. É o Espírito Santo que escolhe, que age por meio de nós.”

Esperança, gratidão e expectativa para o futuro

Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, expressou gratidão pela oportunidade de participar do processo e fez questão de agradecer ao povo brasileiro pelas orações.

“Recebemos muitas mensagens de apoio. Essa comunhão que nasce da oração nos ilumina e fortalece a missão.”

Já o arcebispo de Salvador, dom Sérgio da Rocha, reforçou o clima de fraternidade e oração que marcou tanto o pré-conclave quanto os dias decisivos. Ele lembrou que o então cardeal Robert Prevost, agora Papa Leão XIV, demonstrava carinho pela América Latina e tinha uma visita marcada ao Brasil, que foi cancelada por conta do falecimento do Papa Francisco.

“Ele viria a Salvador celebrar uma missa. Não aconteceu, mas Deus tem seus caminhos. Quem sabe agora, como Papa, ele possa visitar o Brasil.”

Decano entre os brasileiros: confiança no novo Papa

O cardeal Raymundo Damasceno, o mais experiente entre os brasileiros, compartilhou suas impressões das congregações gerais que antecederam o conclave. Segundo ele, chegou a cumprimentar o então cardeal Prevost antes da eleição e agora aguarda reencontrá-lo como Papa no encontro agendado para este sábado (10) com todos os cardeais.

“Leão XIV será um grande promotor da paz. Devemos louvar e agradecer a Deus por esse momento.”

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